Alunos da rede estadual participam da maior feira científica do Brasil

Mostra acontece em São Paulo e reúne estudantes de todo o país; Minas tem seis projetos nesta edição

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Já imaginou as dificuldades que os canhotos enfrentam? Ou que é possível fazer sabão utilizando água da máquina de lavar? Ou mesmo que a fibra do abacaxi pode ser utilizada para produzir MDF (mistura da fibra da madeira com resinas sintéticas)? Foram esses assuntos que aguçaram a curiosidade de estudantes da rede estadual de ensino e deram origem a projetos científicos que, até quinta-feira (21/3), integram a maior mostra de projetos do país, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).

Ao todo, são 332 projetos de Ciências e Engenharia, desenvolvidos por 751 estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todo o país. Minas Gerais está presente com seis trabalhos de alunos de escolas estaduais.
 

Escola Estadual João Pinheiro na Febrace (Crédito: Arquivo pessoal)

A Escola Estadual João Pinheiro, em Ituiutaba, está participando da feira com dois trabalhos. “Trouxemos os projetos 'Efeitos dos Agrotóxicos Aplicados em Canaviais nas Culturas Adjacentes' e 'Levantamento das Habilidades e Dificuldades dos Canhotos'. São projetos idealizados pelos alunos e feitos por eles. Aqui são eles que apresentam para os avaliadores”, conta o professor orientador dos dois trabalhos, Pedro Gilberto Silva de Morais.

O projeto sobre os efeitos dos agrotóxicos surgiu a partir de conversas com os produtores da região de Ituiutaba que reclamavam que alguns alimentos não estavam sendo mais produzidos como antes. Foram realizadas entrevistas com agropecuaristas e constatou-se uma queda de 22 culturas que ficavam próximas aos canaviais. Os alunos fizeram gráficos e entrevistas.

Já o projeto sobre as dificuldades dos canhotos contou com um levantamento dentro da escola e estudos de bibliografias.

João Lucas Oliveira de Souza é integrante do grupo que estudou “Efeitos dos Agrotóxicos Aplicados em Canaviais nas Culturas Adjacentes”. O trabalho foi vencedor da UFMG Jovem de 2018, o que credenciou o projeto a participar da Febrace. O estudante do 1º ano do ensino médio conta como é participar da mostra. “Estar aqui na Febrace é uma oportunidade incrível. Estamos conhecendo trabalhos de vários lugares e representando o nosso estado. É muito bom trazer o que desenvolvemos em nossa escola”, afirma.

Já os alunos da Escola Estadual Professor Carlos Lúcio de Asis, em Betim, apresentam o projeto “Geração e Armazenamento de Energia Utilizando Águas Pluviais”. O projeto consiste na produção de hidroeletricidade por meio de um sistema de captação de águas pluviais. A água da chuva seria captada por meio de calhas e passaria por um sistema com uma turbina para geração de energia. A água seria também armazenada em um sistema e poderia ser reutilizada para uso doméstico. O projeto contou com o auxílio dos professores de Física e Química.

“Nós construímos um protótipo e agora o nosso objetivo é implantar o sistema na escola”, explica a professora e orientadora da iniciativa, Rosimeire Alves Magalhães.

Flávio Adriano Gomes da Silva participou da elaboração do projeto e destaca que a troca de experiências entre os expositores é o principal prêmio da Febrace. “Essa é uma das maiores feiras científicas do Brasil. O conhecimento agregado e a troca de experiências entre os expositores proporciona aprendizagem em diversas áreas e incentiva a continuidade do projeto”, diz. Ele concluiu o ensino médio na escola no final de 2018.

O “Ecosabão: Produção de um Sabão Sustentável a partir da Água Reutilizada e Tratada da Máquina de Lavar Roupas” foi o projeto dos alunos da Escola Estadual Newton Ferreira de Paiva, do município de Santo Antônio do Amparo. A iniciativa foi pensada com foco na economia de água e financeira. “Produzir sabão com a água reutilizada ajuda o meio ambiente e é uma alternativa barata e prática. Com R$ 1,76, por exemplo, você consegue fazer 4 barras de 120g cada”, explica Ana Silva Peixoto, aluna do 2º ano do ensino médio .

Confira aqui a lista completa de projetos selecionados.

A mostra

Promovida anualmente pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli-USP, a Febrace procura estimular nos jovens estudantes novas vocações em Ciências e Engenharia, por meio do desenvolvimento de projetos criativos e inovadores, aproximar as escolas públicas e privadas das universidades e criar uma oportunidade para jovens entrarem em contato com diferentes culturas e cientistas.

Os autores dos melhores projetos serão julgados por um Comitê de Avaliadores, composto por mais de 200 professores universitários e especialistas voluntários. Os melhores projetos em diversas categorias ganharão troféus, medalhas, bolsas do CNPq e estágios, num total aproximado de 300 prêmios e oportunidades no Brasil e no exterior.

Os finalistas também vão concorrer a uma das nove vagas de projetos (15 estudantes e nove professores orientadores) para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), que será realizada de 12 a 17 de maio, em Phoenix, nos EUA.



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