Curso de Elétrica leva perspectiva profissional a futuros egressos
Atividade de reinserção no Presídio em Vespasiano foi oferecida para detentos do semiaberto
Dez presos de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), acabam de se formar no curso de Elétrica e Pequenos Reparos. As aulas, realizadas dentro da unidade prisional, foram ministradas pela Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec), por meio com a parceria da Diretoria de Ensino e Profissionalização da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap).
A formação de 40 horas/aula incluiu aulas teóricas em um galpão de trabalho do presídio, que teve a parte elétrica totalmente reformada, na etapa das instruções práticas. Para promover o curso, houve investimento de R$ 5 mil, provenientes de verbas pecuniárias administradas pela Asmec. A associação atua há mais de nove anos na qualificação e inclusão de pessoas com deficiência e egressos do sistema prisional e tem sido parceira assídua dos projetos da Seap.
Segundo a pedagoga responsável pelos projetos educativos da unidade prisional, Paula Franco, o curso é um exemplo de perspectiva concreta para o futuro egresso do sistema prisional. “Por meio de atos educacionais e profissionalizantes, podemos promover a humanização do sistema prisional, sendo estes os mais importantes instrumentos de reintegração do indivíduo”, destaca.
O curso foi oferecido, exclusivamente, para presos do regime semiaberto, por estarem mais próximos da condição de egressos. A escolha dos alunos foi baseada no histórico do detento e passou também pela avaliação da Comissão Técnica de Classificação.
Para este ano, existe ainda a previsão de mais três cursos a serem oferecidos na unidade prisional: práticas de cozinha, manutenção hidráulica e cabelereiro.
Ressignificação
As atividades educacionais e profissionais que têm por objetivo a ressocialização de um indivíduo privado de liberdade não é uma tarefa simples, mas, na rotina de profissionais que lidam com esse objetivo, somam-se os casos em que a mudança de perspectivas do interno foi profunda e real. A assistente social Franciele Rodrigues destaca o caso de um interno, considerado por ela um exemplo de ressocialização completa. “Ele chegou sem estudo e aqui concluiu o ensino médio e frequentou cursos profissionalizantes. Observamos melhoras reais de comportamento até o cumprimento total da pena. É um caso que levo para a vida, pois foi uma experiência muito válida”.
A presidente da Asmec, Andreia Ferreira, afirmou durante a cerimônia de formatura que uma das principais contribuições dos cursos, além da profissionalização, é a ressignificação de valores que a atividade pode proporcionar aos alunos. “Nosso objetivo não é o de ensinar uma ocupação, mas o de trazer à tona o que eles têm de melhor. Demonstrar na prática a importância dos vínculos, afetividade e trabalho em equipe, princípios fundamentais para se viver em sociedade”.