Detentos do Presídio de Lagoa Santa ingressam no ensino superior a distância

Minas é o estado com maior número de internos do sistema prisional na graduação

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Flávio Rezende e Lucas Ferreira acabam de ingressar nos cursos de Educação Física e Marketing
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Dois internos do Presídio de Lagoa Santa iniciaram a graduação a distância. Flávio Rezende e Lucas Ferreira acabam de ingressar nos cursos de Educação Física e Marketing, utilizando a nota do Exame Nacional do Ensino do Ensino Médio (Enem). Atualmente, Minas Gerais é o estado com maior número de detentos matriculados na faculdade: são 221 pessoas no ensino superior. 

Embora a oferta de graduação e cursos profissionalizantes não seja obrigatória para o Departamento Penitenciário (Depen-MG), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em 2019, 2,6 mil internos mineiros foram qualificados na educação profissional e tecnológica. 

A diretora de Ensino e Profissionalização do Depen-MG, Bruna Maciel, destaca que é fundamental que a população prisional possa dar continuidade aos estudos. “A educação é um dos principais pilares da ressocialização. Ela faz parte da vida de todo cidadão, livre ou preso, sendo necessário promover meios para que essas pessoas retornem à sociedade com novas perspectivas”, defende.

Oportunidade 

Em 2019, cerca de 20 detentos de Lagoa Santa prestaram o Enem. A prova foi aplicada por fiscais que não têm relação com o presídio. O diretor geral da unidade, Daniel Feliciano, considera que as oportunidades de oferta de ensino transformam vidas. "Acompanho o empenho deles e acredito que vão progredir por meio do conhecimento", afirma.

Os dois internos aprovados se dedicam à graduação duas vezes na semana, durante quatro horas por dia. Para isso, utilizam computadores cedidos pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em uma sala reservada na unidade prisional, onde são acompanhados por policiais penais. Eles contam com bolsas parciais de estudos e ressaltam a relevância do apoio familiar para a decisão de cursarem o ensino superior.

Para Lucas Ferreira, as aulas já vêm trazendo mudanças e a esperança de um futuro melhor. "Voltar a estudar começa a abrir a nossa mente, além de melhorar a autoestima. Escolhi cursar Marketing porque quero trabalhar por conta própria. Tenho consciência que será complicado ingressar no mercado de trabalho, por causa do preconceito. Por isso, pretendo montar um negócio próprio e prestar consultorias", conta.

Por outro lado, Flávio Rezende espera retomar um passado que, durante algum tempo, pareceu ter ficado distante. "Estou fazendo o curso de Educação Física, porque, antes de ser preso, era competidor de crossfit. Como entendo que será difícil competir depois de sair daqui, resolvi ser professor, para ensinar o que sei. Me sinto determinado, com mais vontade de seguir no caminho certo", reforça.



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