Equipe de Saúde do Estado coordena atendimento psicológico às vítimas do rompimento de barragem em Brumadinho

Governo de Minas busca articular e apoiar a rede de atenção do município, para atendimento às necessidades emergenciais dos afetados 

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Familiares e vítimas do rompimento de barragem em Brumadinho contam com suporte e apoio psicossocial. O atendimento foi determinado desde a reativação do Comitê de Operações de Emergência na Saúde (Coes), com o deslocamento da equipe da Coordenação Estadual de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) para o local.

Segundo o assessor estratégico da SES-MG, Bernardo Ramos, logo de início, profissionais da secretaria estiveram reunidos com a equipe de saúde mental de Brumadinho, com a Defesa Civil Estadual e a Secretaria de Estado de Impacto Social alinhando estratégias para a atenção psicossocial imediata aos atingidos.

“A assistência psicossocial às pessoas é uma das prioridades da saúde estadual. Nossa equipe está trabalhando para articular e apoiar a rede de atenção do município, buscando atender às necessidades emergenciais dos afetados e prevenir os transtornos de estresse pós-traumático, muito comuns nessas situações”, explica Bernardo Ramos.

A coordenadora de Saúde Mental da SES-MG, Juliana Ávila, ressalta que os atendimentos também estão sendo realizados em regime de plantão. Durante o dia, são feitos no Centro de Atendimento Psíquico-Social (CAPS) do município. À noite e nos fins de semana, no Hospital Municipal João Fernandes do Carmo. Nos casos de urgência, o atendimento está sendo realizado na UPA, sendo que um médico psiquiatra fica de sobreaviso para esses atendimentos. As crianças e os adolescentes são atendidos no CAPS i.

“Vários profissionais estão envolvidos nas ações e nos trabalhos realizados no IML e em Brumadinho. Além dos profissionais da rede de saúde do município, há também voluntários que foram disponibilizados pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP), Cruz Vermelha Brasileira e médicos da organização Médicos Sem Fronteiras”, disse Juliana.

O apoio psicossocial às famílias que chegam ao Instituto Médico Legal de BH (IML) em busca de notícias de seus familiares está sendo prestado por equipes estaduais do Hospital Eduardo de Menezes (Fhemig), em parceria com o Conselho Regional de Psicologia (CRP). As equipes de atenção psicossocial da Fhemig estão de sobreaviso para composição de escala, de maneira imediata, caso necessário.

Na unidade no IML-BH, cerca de 220 famílias já foram acolhidas pela equipe de psicologia e 54 familiares atendidos por médicos e enfermeiros. Também foram coletadas 495 amostras de DNA de 225 famílias (são coletadas amostras de 2 a 3 familiares por desaparecido) e aplicados 176 questionários de saúde e hábitos do desaparecido para auxiliar nas buscas.

Emergência e cuidado

Em Brumadinho, a primeira ação da equipe de Saúde Mental foi definir a linha de atuação do cuidado aos familiares dos desaparecidos e monitorar os atendimentos. Também foram dadas orientações aos voluntários, profissionais da Vale e das equipes de saúde mental do município que atuavam no local.

Articulando a rede de saúde mental do município e especificando o fluxo de encaminhamento de acordo com a necessidade de cada pessoa, a Coordenação Estadual de Saúde Mental também está trabalhando como um ponto focal de apoio, garantindo a presença de ao menos uma referência técnica no município todos os dias.

Uma das necessidades encontradas pela SES-MG foi atender também os cuidadores e os profissionais que trabalham no resgate, no apoio às vítimas: bombeiros, voluntários, profissionais de saúde e de assistência social.

“Compreendendo a responsabilidade da rede SUS na oferta do cuidado e, respeitando as demandas, estrutura e organização do município, a saúde estadual trabalha coordenando as ações e os atendimentos. Além disso, a SES-MG busca garantir capacitação profissional e uma abordagem conjunta e compartilhada para os atendimentos”, explicou Juliana Ávila.

Fortalecer a rede, acolher pessoas

Ainda conforme a coordenadora de saúde mental da SES-MG, o trabalho dos parceiros e dos voluntários foi importante para os primeiros atendimentos. No entanto, será necessário articular outras ações, garantindo a continuidade do cuidado para essas pessoas. Além disso, muitas das famílias já são usuárias da rede e, portanto, já apresentam um vínculo com os profissionais que atuam na comunidade.

O objetivo é que as articulações de parceiros e voluntários, para compor as equipes que atuam no momento no município, sejam transformadas em serviços de atendimento de longo prazo. A rede de atenção psicossocial será fortalecida tanto no seu aparato físico como clínico institucional para garantir a continuidade dos atendimentos no município.

“A saúde mental é um processo que requer reelaboração contínua do vivido, conforto e apoio, por isso é um tratamento em longo prazo. Novas ações estão sendo articuladas para os próximos seis meses e para os próximos três anos. A SES-MG solicitou junto ao Ministério da Saúde a qualificação do CAPS I para CAPS II, a habilitação de duas equipe multiprofissionais”, disse Juliana Ávila.

Unidades da Fhemig atuam em Brumadinho

A SES-MG estruturou, desde o dia 26/1, um esquema envolvendo equipes multiprofissionais das unidades hospitalares da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) para atendimento aos familiares das vítimas.

Profissionais do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Rede Fhemig, compõem uma equipe na Acadepol/MG, que está atuando junto aos familiares com coleta de DNA para identificação dos corpos e aplicação de questionários estruturados de saúde dos desaparecidos. Também foi montada uma enfermaria exclusivamente para atendimento aos familiares das vítimas, que são acolhidos no hall de entrada do IML.

Além disso, equipes multiprofissionais de saúde mental do Instituto Raul Soares (IRS), da Fhemig, estão sendo deslocadas desde o dia 30/1 para atuarem em Brumadinho, junto à Atenção Básica do município, no atendimento psicológico e psiquiátrico da comunidade atingida pelo rompimento da barragem.



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