Pesquisa coordenada pela Unimontes chama a atenção da Nasa

Estudo ambiental identifica razões para a seca nas veredas do Norte de Minas e a ameaça do fenômeno para os recursos hídricos

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Crédito: Divulgação / Unimontes

Os impactos ambientais nas veredas do Norte de Minas, localizadas, sobretudo, na região do Vale do Peruaçu e próximas ao Rio Pandeiros nos municípios de Januária e Bonito de Minas, são alvo de pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
De acordo com a coordenadora do estudo, a professora Yule Roberta Nunes, a pesquisa tem como principal objetivo levantar os efeitos da ação do homem e as mudanças climáticas sobre a conservação das veredas – que estão secando nessa região do estado. “Queremos entender por que ocorre o secamento das veredas e quais efeitos disso sobre a biodiversidade e também seus impactos sociais”, afirma.

O levantamento é realizado como um sítio do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), com financiamento do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dados da pesquisa foram apresentados pela coordenadora do estudo, professora Yule Nunes, durante o Fórum do Meio Ambiente, evento organizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e que integra a programação da Festa Nacional do Pequi, de Montes Claros.

Um dos impactos já detectados, segundo ela, "é a mudança da flora. A vegetação das áreas das veredas está mudando. Como elas estão secando, as espécies de ambientes úmidos estão deixando de existir, sendo substituídas por espécies do Cerrado”, explica a coordenadora da pesquisa.

Outro aspecto observado na região do Peruaçu é o rebaixamento do lençol freático, reduzindo numa média de 0,5 metro a cada ano. Outra constatação dos pesquisadores: nos últimos 30 anos, a partir da primeira nascente, o Rio Peruaçu apresenta um quadro de secamento ao longo de 50 quilômetros.

Nasa

A professora Yule Roberta chama atenção para outra forma de degradação que atinge duramente as veredas no Norte de Minas: as queimadas. “Uma vereda do Peruaçu ficou queimando durante um ano, o que chamou atenção até da Nasa (Agência Espacial Americana) por causa da grande quantidade de carbono lançada na atmosfera”, observa.

Um alerta para salvamento das veredas está na utilização racional dos recursos hídricos. “As veredas estão secando porque o lençol freático está diminuindo. Precisamos entender qual é o tempo de disponibilidade hídrica e saber, ainda, a quantidade de água que podemos usar”, recomenda Yule Nunes.

As veredas

As veredas ocorrem em ambientes úmidos do Cerrado e apresentam comunidades de plantas com acentuada riqueza de espécies, associada ao Buriti (Mauritia flexuosa L.f.). No Norte de Minas, elas geralmente estão associadas a outro tipo de palmeira, conhecida como Xiriri [Mauritiela armata (Mart.) Burret].

São ambientes que participam do controle do fluxo do nível freático, desempenham um papel fundamental no equilíbrio hidrológico dos cursos d’água do Bioma e possuem grande importância ecológica, permitindo abrigo e alimento/água para a fauna – além do papel social ímpar para os Veredeiros, povos tradicionais vivem neste ambiente.

Origem

O PELD Veredas teve início em 2016, com o título “Colapso das Veredas no Sertão Mineiro: Efeitos Antrópicos Locais e Mudanças Climáticas Globais”. Conta com a participação 15 pesquisadores e 50 estudantes de cursos de pós-graduação e graduação. Além da Unimontes, a pesquisa de longa duração envolve professores das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e de Lavras (Ufla) e do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do MEC.

A coordenação envolve o Programa de Pós-Graduação em Botânica Aplicada (PPGBOT) e os Departamentos de Biologia Geral e de Geociências, além de pesquisadores de instituições parceiras.



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