Pesquisa identifica espécies de mamíferos no Parque Estadual do Pau Furado

Projeto poderá servir de base para ações não apenas para esses animais, mas com foco na biodiversidade em geral

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Conclusão do monitoramento feito pelos pesquisadores está prevista para o final de 2020
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Estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Parque Estadual do Pau Furado (PEPF), no Triângulo Mineiro, verifica a presença de espécies de mamíferos de médio e grande porte na reserva ambiental.

Crédito: Divulgação / IEF

A pesquisa, além de identificar a comunidade de mamíferos presentes na região, poderá servir de subsídio para ações de manejo e conservação das espécies, não apenas para o grupo estudado, mas também para a biodiversidade em geral.

De acordo com a gerente do PEPF, Eliete Vilarinho, a pesquisa é muito importante, pois fornece indicadores para o manejo, uma referência de gestão estratégica para a unidade de conservação e da sua zona de amortecimento. “É importante a continuidade de projetos como esse, pois apontam ações efetivas de manejo e gestão de conflitos”, diz.

A coordenadora do projeto, professora Natália Tôrres, reforça que o conhecimento das comunidades de mamíferos de médio e grande porte é muito importante. “Com o monitoramento a longo prazo, poderemos concluir quais populações estão aumentando, diminuindo ou estão estabilizadas nessa região, e propor eventuais medidas de manejo", afirma.  

Em andamento

O levantamento preliminar, realizado de julho a novembro de 2019, registrou a presença, por exemplo, de alguns mamíferos como a onça-parda, lobo-guará, tamanduá bandeira, tamanduá-mirim, jaguatirica, veado catingueiro, ouriço cacheiro, paca, entre outros.

No projeto, os pesquisadores utilizam como metodologia a instalação de 13 'armadilhas' fotográficas, distribuídas pelo parque, a uma distância mínima de 1km e em áreas de cerrado e cerradão. Foram gravados cerca de 800 minutos de vídeo e realizadas entrevistas com moradores da região. A conclusão da pesquisa está prevista para o final de 2020.

“Embora o estudo não tenha sido finalizado, já possibilitou detectar aspectos positivos com o registro de animais carnívoros como a onça-parda, incluindo filhotes, a jaguatirica, lobo-guará e a irara, espécies fundamentais na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas onde ocorrem. Esses animais controlam as espécies de presas das quais se alimentam”, frisa a coordenadora.

O projeto faz parte do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), intitulado "Padrões de biodiversidade e processos ecológicos em ecossistemas de Cerrado na região do Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás (sub-bacia do Rio Paranaíba)”. O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O parque

A origem do nome “Pau Furado” faz menção a uma grande gameleira localizada a margem do Rio Araguari, que era referência para travessia de tropeiros entre Minas Gerais e Goiás. Esta espécie era fonte de importante matéria prima para a época: a casca expele um látex que escurece logo após a extração e já foi muito usado em medicina caseira no combate à ancilostomose (doença popularmente conhecida como amarelão).

A madeira é branca, leve e resistente, serve à confecção de canoas, gamelas e outros utensílios domésticos. Um grande furo na árvore utilizado para a coleta deste látex fez com que ela ganhasse o nome peculiar e se tornasse um ponto de referência para toda a região. Posteriormente, foi construída uma ponte ligando os dois municípios, que foi apelidada de mesmo nome.

Localizada entre os municípios de Uberlândia e Araguari, a reserva é de grande importância para a conservação da biodiversidade regional, uma vez que foram identificadas centenas de espécies da fauna e flora dentro de seus limites geográficos.

A vegetação original da área está representada pelo Cerrado nas suas diferentes fitofisionomias como cerradão, cerrado sentido restrito, floresta ciliar, floresta de galeria, floresta estacional decidual e floresta estacional semidecidual. Com presença de árvores emergentes, que chegam a 30 metros de altura, é caracterizada pela alta diversidade de espécies arbóreas.

Na flora, destacam-se aroeira, angico, paineira, ipês e grande variedade de orquídeas. A fauna, por sua vez, apresenta, entre os mamíferos, a onça-parda, o lobo-guará, o tamanduá bandeira e o veado-campeiro, ameaçados de extinção. Belas aves como arara-canindé e águia-cinzenta, também ameaçadas, podem ser vistas no Parque. A herpetofauna, referente a répteis e anfíbios, é rica, com ocorrência de teiús e enorme variedade de serpentes.



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