Pesquisas da Funed mostram importância ecológica das abelhas

Há mais de 20 anos, fundação pesquisa a origem de produtos, como mel e própolis

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"Abelhas têm um relevante papel ecológico na conservação de nossas matas", indica pesquisadora da fundação
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Nesta quarta-feira (20/5), é celebrado o Dia Mundial das Abelhas. Muito se sabe dos benefícios terapêuticos de seus produtos, como mel e própolis, mas nem tanto sobre esses insetos.

A analista e pesquisadora em Saúde e Tecnologia da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Paula Calaça, explica que a importância das abelhas vai muito além da presença de seus produtos em nossa vida, seja na alimentação ou na promoção da saúde.

Na natureza, há diversos animais que participam da polinização das plantas, como pássaros e morcegos, mas, sem dúvida nenhuma, as abelhas são os mais importantes. Elas são fundamentais na reprodução de diversas espécies de plantas da nossa flora nativa e contribuem para o aumento da produtividade na agricultura, devido ao seu serviço de polinização. Portanto, as abelhas têm um relevante papel ecológico na conservação de nossas matas”, reforça a pesquisadora.

Pesquisas

Na Funed, as pesquisas sobre abelhas começaram há mais de 20 anos, a partir do estudo da origem de seus produtos. Esses projetos tinham objetivo de saber que espécies de plantas eram as principais fornecedoras de matéria-prima para os produtos das abelhas, como o néctar para produção de mel e de resina para a própolis. Para isso, era necessário identificar os grãos de pólen, que fazem parte da estrutura reprodutiva das plantas e que são consumidos pelas abelhas como fonte de proteínas, presentes em seus produtos. Assim começou a coleção de lâminas de grãos de pólen da Funed, também conhecida como Palinoteca que, hoje, tem mais de 5 mil lâminas, de cerca de mil espécies de plantas de nossa flora nativa, principalmente do cerrado mineiro.
 

Trabalho em campo (Divulgação / Funed)

Atualmente, o Serviço de Recursos Vegetais e Opoterápicos da Funed mantém projetos de pesquisa que envolvem as abelhas. Um deles é a pesquisa da origem botânica de méis monoflorais, ou seja, de méis que são produzidos a partir de uma ou de poucas espécies de plantas.

“Esses méis são mais difíceis de serem obtidos em um país com a flora tropical tão diversa como a nossa. Portanto, eles têm maior valor de mercado e são muito apreciados pelos consumidores, como os méis de aroeira, de eucalipto, de assa-peixe, de laranjeira, entre outros. Um de nossos projetos avalia a qualidade de produtos das abelhas como o pólen e o mel, que são vendidos para a população belorizontina”, conta a pesquisadora da Funed, Paula Calaça.

Outras pesquisas da Funed revelaram a importância das abelhas como polinizadoras de espécies de árvores nativas do nosso país, como a aroeira. Há, ainda, pesquisas com a apitoxina, que é o veneno das abelhas, e suas diversas atividades biológicas, e estudos que buscam saber quais são as principais substâncias presentes em alguns produtos das abelhas e suas possíveis atividades biológicas.

Projetos futuros

Para se ter dimensão da relevância desses estudos, Paula Calaça explica que a avaliação da qualidade dos produtos das abelhas que são comercializados evidencia a importância das informações completas nos seus rótulos e da inspeção por órgãos competentes. “Pesquisas com a atividade biológica dos produtos das abelhas - como mel e apitoxina - podem revelar potenciais bioprodutos que podem ser desenvolvidos para o bem-estar e preservação da saúde da população em geral”, completa o também analista e pesquisador em Saúde e Tecnologia da Funed, Júlio Brito.

E os projetos não param por aqui. As pesquisas em andamento na fundação também geram possibilidades de novos estudos. “Pretendemos investigar mais a fundo o potencial antimicrobiano, ou seja, da capacidade da apitoxina de matar bactérias que são resistentes a alguns antibióticos já existentes no mercado. Além disso, vamos investigar o potencial antifúngico de alguns tipos de méis monoflorais, como o mel de aroeira, que vimos que é muito rico em compostos fenólicos”, conta Paula Calaça. 



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