Municípios mineiros mantêm compra de alimentos da agricultura familiar

  • ícone de compartilhamento

Com a pandemia do coronavírus, alguns municípios mineiros avaliaram a possibilidade de suspender a compra de alimentos da agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que utiliza recursos do Ministério da Cidadania. Os itens comprados são doados a entidades socioassistenciais, bancos de alimentos e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Para evitar que os produtores fossem prejudicados, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Emater-MG e prefeituras decidiram continuar as compras por meio do programa, adotando medidas para garantir a segurança dos produtores e servidores municipais durante as entregas.

“Só foi possível dar continuidade ao programa nos municípios, porque eles se comprometeram a adotar as medidas de prevenção ao coronavírus”, diz o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Raul Machado. Entre os cuidados estão o distanciamento mínimo entre as pessoas no momento da distribuição dos alimentos; programação de horários distintos para a entrega da produção; disponibilidade de luvas, máscaras, álcool em gel, água e sabão para as pessoas envolvidas no trabalho.

A execução do PAA em Minas Gerais é feita pela Seapa, em parceria com a Emater-MG. Ao todo, 51 municípios mineiros participam do programa e 1.282 agricultores familiares fornecem alimentos. 

“São várias entidades cadastradas. Aquelas que continuam suas atividades, permanecem recebendo os alimentos conforme a programação. Para as que tiveram de parar durante o período de isolamento social, coube ao Cras (Centro de Referência de Assistência Social/Ministério da Cidadania) direcionar os alimentos para outras famílias da lista de assistidos”, explica Raul Machado.

PAA no Vale do Mucuri 

Na unidade regional da Emater-MG de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, nove municípios participam do PAA: Catuji, Itambacuri, Maxacalis, Ladainha, Novo Cruzeiro, Itaipé, Ouro Verde de Minas, Novo Oriente de Minas e Teófilo Otoni. “A Emater acompanha a execução do programa, presta assistência técnica e apoia a inserção dos agricultores no mercado institucional”, diz o gerente regional da empresa, Sandro Rodrigues da Silva. De acordo com ele, as cidades disponibilizam toda infraestrutura, recursos humanos e transporte para o funcionamento do PAA.

Em 2019, nestes nove municípios, foram beneficiados 85 agricultores. O valor investido na compra dos alimentos foi de R$ 1,4 milhão. Até agora, em 2020, o total de agricultores comercializando pelo PAA nestes locais subiu para 169. Já a doação de alimentos tem beneficiado mais de 700 famílias e oito instituições.

De acordo com o produtor João Ferreira, do município de Itaipé, a continuidade das vendas pelo PAA é fundamental para a manutenção da renda familiar. “A gente perdeu a feira e não está tendo onde vender os produtos. Já estávamos sem saber o que fazer, o programa vai ajudar muito”, afirma.

A agricultora Maria de Fátima, de Catuji, ressalta a importância do PAA para a comercialização de seus produtos em meio à pandemia de coronavírus. “Esse programa faz parte da nossa vida e nos ajuda muito nesse momento difícil. Além de ajudar as pessoas carentes com a distribuição de alimentos”, disse.

Outras regiões

Outros seis municípios, atendidos pela unidade regional da Emater-MG em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, também optaram em manter o programa em 2020. Com isso, são 92 agricultores beneficiados e 550 famílias contempladas com as doações de alimentos. Já na unidade regional da Emater-MG de Almenara, na região Norte de Minas, nove municípios participam do PAA. São 222 agricultores comercializando e 610 famílias em situação de vulnerabilidade social recebendo doações do programa.

Para o superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Seapa, Gilson de Assis Sales, o PAA é um programa importante para criar canais de comercialização direta para os produtos da agricultura familiar. “Agora, nesse período de crise, torna-se ainda mais significativo, pois garante renda para produtores e alimentos de qualidade para entidades de assistência social e pessoas em vulnerabilidade. Acreditamos que esse tipo de mercado deve ser cada vez mais incentivado, por ser uma forma de promover o desenvolvimento regional e aquecimento da economia local”, afirma.