'Agosto Dourado': maternidades da Fhemig incentivam a amamentação desde o momento do parto

Aleitamento materno traz diversos benefícios e deve ser responsabilidade de todos

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Com o tema “fortalecer a amamentação: educando e apoiando”, a Semana Mundial de Aleitamento Materno deste ano ressalta o fato de que a amamentação necessita ser estimulada todos os dias com boas orientações e informações não só para as famílias, como também para os profissionais de saúde. “Precisamos estudar constantemente e buscar evidências científicas para conversarmos com as mães sobre a importância da amamentação tanto para ela quanto para o filho (a) e até para o planeta”, explica a psicóloga e coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares (MOV), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Maria Hercília de Castro Barbosa.

Alexandra Marques

De forma ainda mais abrangente, o “Agosto Dourado”, criado há cinco anos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), busca apoiar e promover boas práticas de incentivo ao aleitamento materno e à introdução da alimentação complementar, assim como orientar a adoção de hábitos saudáveis e de nutrição adequada. O termo “dourado” é uma referência ao padrão ouro de qualidade do leite materno para os bebês.

Nesse contexto, os alojamentos conjuntos presentes nas maternidades da fundação favorecem o aleitamento materno. “Além de aprender os cuidados com o recém-nascido, a mãe tem disponível uma equipe multidisciplinar que a auxilia nas dúvidas, medos e tabus em relação à amamentação, para que possa refletir sobre os benefícios da prática de amamentar seu bebê até o sexto mês de forma exclusiva, e contínua até dois anos de idade ou mais”, ressalta a coordenadora do BLH da MOV.

Promover a amamentação

No Hospital Regional de Patos de Minas (HRAD), unidade da Fhemig localizada em Patos de Minas, a Maternidade Dona Calú, referência em alto risco, é um exemplo nas ações de valorização e incentivo ao aleitamento materno.

A equipe multiprofissional que atua na maternidade do HRAD, assim como nas demais maternidades da Rede Fhemig, trabalha para promover a amamentação desde a primeira hora de vida do recém-nascido, ainda na sala de parto. Outra ação fundamental é que mãe e bebê ficam juntos até a alta hospitalar. Além disso, o acompanhante também permanece em tempo integral durante a internação da puérpera, o que fortalece a rede de apoio às mulheres.

Outro aspecto importante para o incentivo à amamentação é a não utilização de bicos, chupetas e mamadeiras, bem como o aconselhamento individualizado realizado pelas equipes multiprofissionais das unidades.

Rede de apoio

Como esclarece Maria Hercília, o aleitamento materno tem relação direta com o apoio que as mulheres recebem não apenas no hospital, mas, principalmente, da sua rede de apoio familiar. “As mães saem da maternidade bem informadas, mas a continuidade do aleitamento materno envolve essa rede. Temos que fortalecê-las para que consigam ir contra o uso das mamadeiras, bicos e outras interferências que possam receber externamente”, esclarece a psicóloga.

“Amamentar não é um conto de fadas! Precisamos desmistificar o aleitamento materno”, propõe  Maria Hercília. As mulheres devem ser informadas sobre possíveis dificuldades iniciais e como superá-las, de forma que seja bom para a mãe e para o bebê. O aleitamento materno não é um ato puramente biológico, pois envolve questões pessoais, sociais, econômicas, profissionais, de personalidade da genitora, entre outras.

Em razão dessa complexidade, atualmente, as campanhas de incentivo buscam promover, proteger e, principalmente, apoiar a mulher que amamenta. “Amamentar é responsabilidade de todos nós: profissionais, instituições, família, formadores de opinião etc.,” reitera. “É gratificante vivenciar em nosso serviço essa realidade e ver puérperas que tinham dificuldade e resistência à amamentação saindo amamentando efetivamente e com tranquilidade”, garante a enfermeira do alojamento conjunto da Maternidade Dona Calú, Fernanda Alves Moreira.

Apoio efetivo

A cabeleireira Poliana Dias Pereira, mãe de duas meninas, conta que amamentou a filha mais velha, de 9 anos, até os seis meses de idade, porque voltou a trabalhar. Agora, com a segunda filha recém-nascida, planeja amamentar por, no mínimo, um ano.

“Antes de conhecer o banco de leite, já tinha admiração pela iniciativa. Um ato tão simples e que gera a oportunidade de os bebês serem amamentados. Cheguei à Maternidade Odete Valadares e encontrei anjos em forma de pessoas. No meu caso, tenho leite suficiente e nunca sofri com fissuras nos mamilos. Porém, minha filha nasceu com uma cardiopatia, o que dificultou o ganho de peso”, conta Poliana.

Segundo a cabeleireira, a atuação dos profissionais da MOV foi fundamental.  “Não tenho como expressar minha gratidão a toda a equipe do banco de leite. Todos são maravilhosos. Graças ao apoio e à perseverança deles, alcançamos a meta de peso e, no início de agosto, minha filha realizou a cirurgia”, comemora.

Papel paterno

No passado, aqueles que exerciam o papel paterno não tinham participação no processo de amamentação. Hoje podem participar ativamente do pré-natal, da internação, do parto e, principalmente, do pós-parto.

“O pai é chamado a essa participação e observamos que os homens estão bem engajados e participativos”, conta Maria Hercília. Eles também necessitam de atenção. Quando nasce um bebê, o pai também apresenta alterações emocionais que devem ser valorizadas.

“Homens e mulheres passam por uma atualização de suas vivências inconscientes e revivem sua própria experiência do nascimento no nível emocional. Por isso, nosso olhar tem que estar atento a toda a família, inclusive aos avós”, explica.

A participação da referência paterna faz com que a criança perceba que há outra pessoa interessada em seu cuidado. “O apoio emocional aumenta a segurança e a confiança estabelecida pelo vínculo afetivo com parceiro. O homem, ao assumir seu papel de pai, marido e companheiro sente-se participante ativo e útil ao processo”, finaliza a enfermeira Sirlene de Fátima, do alojamento conjunto da Maternidade “Dona Calú”.

Doação de leite

Os estoques dos bancos de leite humano do estado estão abaixo do ideal. A maioria está 40% aquém do necessário, alerta Maria Hercília. Em função do mês comemorativo, o apelo da coordenadora do BLH da MOV busca sensibilizar e conscientizar as lactantes mineiras para que adotem a prática da doação e contribuam com seu leite para salvar a vida e assegurar a saúde de prematuros internados em todo o estado.

“Aqui na Maternidade Odete Valadares, o ideal é que os estoques sejam de 250 litros. No mês passado, conseguimos 217 litros. Mesmo assim, estamos conseguindo atender nossos prematuros e os parceiros”, reafirma a coordenadora do BLH da MOV. Nos primeiros sete meses deste ano, foram captados 1.375 litros, quando o ideal seriam 1.750 litros, ou seja, 23% abaixo do necessário.

Mães com excedente de leite e saudáveis podem ser doadoras. Basta realizar o cadastro pelo telefone (31) 3337-5678 ou (31) 3298-6008. A equipe do BLH da Maternidade Odete Valadares busca o leite em domicílio. O serviço também auxilia mulheres com dificuldades na amamentação e recebe qualquer mãe que necessite de orientações. O atendimento deve ser agendado, também por telefone.

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.

 



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