Cinco jovens em internação e semiliberdade de Juiz de Fora conquistam vagas em rede de supermercado

Contratações foram viabilizadas pelo Programa de Incentivo à Aprendizagem Profissional, presente em 13 unidades socioeducativas de Minas

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Cinco adolescentes que cumprem medida de internação e semiliberdade em Juiz de Fora, na Zona da Mata, foram contratados como jovens aprendizes em uma rede de supermercados da região. Isso foi possível graças ao Programa de Incentivo à Aprendizagem de Minas Gerais (Descubra).

A iniciativa de cooperação interinstitucional congrega esforços de diversos órgãos e instituições federais, estaduais e municipais. O objetivo é promover o acesso de adolescentes e jovens em condição de vulnerabilidade social a programas de aprendizagem e a cursos de qualificação profissional.

Abrangência

O Descubra já está inserido em 13 centros socioeducativos e casas de semiliberdade, mas é em Juiz de Fora, Ribeirão das Neves, Governador Valadares e Belo Horizonte que as atividades se encontram em um estágio mais avançado. 

Os jovens dos municípios de Uberaba, Divinópolis, Ipatinga, Montes Claros, Muriaé, Passos, Sete Lagoas, Teófilo Otoni e Uberlândia estão em atividades de qualificação profissional, e alguns já conseguiram vagas, como aprendizes, em empresas de diferentes áreas, como tecnologia, mineração, construção civil e comércio.

O diretor do Centro Socioeducativo de Juiz de Fora, Osnério Abreu, afirma que a contratação desses jovens representa uma grande conquista, oferecendo melhores condições para a colocação no mercado de trabalho. “Dentre todos os eixos das medidas socioeducativas, o da profissionalização é um dos mais complexos de atender, pois depende da adesão e do apoio de diferentes entidades. O empresariado precisa abrir suas portas para estes jovens”, explica o diretor.

Somadas à profissionalização, a responsabilização pelo ato infracional, as relações sociais e familiares, a saúde, a escolarização, o esporte e a cultura são os eixos das medidas socioeducativas 

Uma nova jornada

Com apenas dois dias de atividades, em uma das lojas da rede de supermercados, o jovem Ricardo Andrade*, de 18 anos, que cumpre medidas socioeducativas de internação, se sentiu respeitado e valorizado. “Conheci novas pessoas, e já aprendi muito. É importante estudar e trabalhar,”, avalia. 

Maurício Ribeiro*, de 17 anos, também em cumprimento de medidas de internação em Juiz de Fora, conta que seu pai e sua mãe estão orgulhosos. “Foi meu pai quem assinou o contrato de trabalho do supermercado, ele está mais confiante em mim”, revela.

Os cinco jovens de Juiz de Fora, que começaram a trabalhar no supermercado nesta semana, estão fazendo o curso “Aprendizagem Profissional de Qualificação em Serviços de Supermercado”, no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A formação tem 960 horas-aula, sendo 400 de parte teórica e 560 de prática.

Descubra

O Descubra teve início em agosto de 2019, quando foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre diversos órgãos. Dentre alguns dos signatários estão o Governo de Minas Gerais, por meio das secretarias de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e de Desenvolvimento Social (Sedese), a União, representada pela Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais. 

Também participam do Descubra o município de Belo Horizonte, o Tribunal Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Rede de apoio

“Sou um entusiasta do Programa Descubra, pois o trabalho está associado ao estudo. A profissionalização gera perspectivas mais próximas de uma vida diferente e melhor”, avalia o juiz Ricardo Rodrigues de Lima, da Vara da Infância e Juventude de Juiz de Fora, avalia. Ele lembra que o programa não é apenas para jovens autores de atos infracionais, mas também para adolescentes em situação de acolhimento, seja em famílias ou em casas mantidas pelas prefeituras.

Clique aqui para aderir e saber mais sobre o Descubra. 

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos adolescentes, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).



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