Com apoio do Governo de Minas, Boston Metal inaugura unidade no estado para recuperar metais de alto valor, a partir de rejeitos de mineração, com tecnologia inédita

Empresa com sede nos Estados Unidos usa processo de baixa emissão de gás carbônico; expectativa é da geração de 250 empregos diretos até 2026

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Dirceu Aurélio / Imprensa MG
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O governador Romeu Zema participou, nesta quinta-feira (7/3), em Coronel Xavier Chaves, na região do Campo das Vertentes, da inauguração da Boston Metal do Brasil da primeira unidade do mundo com a tecnologia Eletrólise de Óxido Fundido (MOE, na sigla em inglês). Com apoio do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e sua vinculada Invest Minas, a empresa vai extrair de rejeitos de mineração metais de alto valor, como nióbio e tântalo, transformando materiais complexos em uma fonte de receita, com vantagens ambientais.

Uma das vantagens do método apresentado pela Boston Metal é que ele utiliza energia elétrica para fazer a separação dos materiais dos rejeitos. Como a matriz energética de Minas Gerais é composta em 99% por fontes renováveis (hidrelétrica, fotovoltaica, eólica e biomassa), o MOE possui um baixo impacto ambiental.

Romeu Zema lembrou que Minas Gerais foi o primeiro estado da América Latina e do Caribe a aderir à campanha Race To Zero, que pretende neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Estado até 2050. Para ele, essa tecnologia vai ajudar muito no cumprimento dessa meta. Além disso, Zema disse que considera a instalação da empresa na região como um marco em Minas Gerais.

“Talvez ainda não tenhamos a dimensão do que isso aqui signifiica. Iniciamos um novo ciclo da mineração e da metalurgia no estado. Estamos vendo o início da mineração 4.0, em que a matéria-prima utilizada é o rejeito que está acumulado, causando um enorme impacto ambiental. Desta forma, o que hoje é um problema para várias mineradoras e metalúrgicas, virou uma solução em que a Boston utiliza eletricidade da Cemig, que é uma energia limpa, produzida através de fontes renováveis, para extrair metais de alto valor agregado. E isso reduz o impacto ambiental, traz investimentos para o estado e gera empregos, renda e desenvolvimento para a região”, afirmou.

O governador projetou ainda que o setor deve crescer no estado atraindo ainda mais negócios, gerando emprego e renda.

“Acredito que, devido à transição energética, é um mercado que vai crescer muito. Com isso, teremos aqui, em breve, uma grande empresa gerando centenas de empregos diretos e milhares indiretos, fazendo com que a cidade entre em um ciclo de desenvolvimento como nunca se viu na história. E isso é reflexo do trabalho desenvolvido pelo Estado. Onde tem credibilidade e segurança, o investidor vem atrás. Existe esse metal em vários outros lugares do mundo, mas Minas Gerais foi a escolhida, mostrando a credibilidade do trabalho feito aqui”, acrescentou.

Diferencial

A tecnologia inovadora chamou a atenção de investidores como a ArcelorMittal, BHP, Vale, Microsoft e Breakthrough Energy Ventures, fundo dirigido por Bill Gates para o investimento em soluções de energia sustentável, além do IFC, um braço privado do Banco Mundial.

“A MOE de Coronel Xavier Chaves é um vislumbre do futuro, o exemplo real de uma solução inédita, escalável, econômica e sustentável para a produção de metais e ligas a partir de uma grande variedade de matérias-primas”, diz o Tadeu Carneiro, presidente e CEO da Boston Metal global, sediada em Woburn, nos Estados Unidos. “A MOE promoverá a economia circular e o progresso sustentável da metalurgia”, concluiu.

A solenidade ainda contou com as presenças do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, do CEO da Invest Minas, João Paulo Braga, e dos gestores globais da Boston Metal e de líderes de mineradoras e siderúrgicas nacionais e internacionais.

Geração de empregos

A Boston Metal do Brasil prevê a produção de 720 toneladas de metais de alto valor em 2024. Até 2026 a capacidade será ampliada para até 10 mil toneladas/ano, levando a empresa dos atuais 80 para 250 empregados.

A cidade de Coronel Xavier Chaves, de 3.500 habitantes, foi escolhida para sediar a primeira operação da empresa por oferecer boa combinação entre a oferta de matéria-prima e de energia limpa e por estar inserida em um ambiente sociocultural favorável, com profissionais familiarizados com a atividade de mineração. A planta foi erguida menos de um ano após o anúncio oficial do investimento, em maio de 2023.

“Nossa instalação é uma prova da dedicação e experiência de nossa equipe”, disse o presidente da subsidiária brasileira, Itamar Resende.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, avaliou que a inauguração da Boston Metal reforça o compromisso de Minas Gerais com a inovação e a sustentabilidade.

“Ter no nosso estado uma tecnologia inédita no mundo é sinal de que temos capacidade técnica e humana para sermos protagonistas da transição energética global. Esperamos que, muito em breve, outras unidades da empresa sejam construídas em Minas contribuindo para uma mineração cada vez mais sustentável, gerando mais recursos e empregos para os mineiros”, destacou.

Como funciona a MOE

A matéria-prima (rejeito em Coronel Xavier Chaves) é inserida na célula MOE e submetida a uma corrente elétrica de elevada amperagem. A corrente elétrica promove a obtenção do metal desejado, liberando oxigênio e, ao mesmo tempo, gerando altíssimas temperaturas que derretem o material, que é então vazado pela parte inferior, com alto grau de pureza. 

A célula MOE é modular e escalável de acordo com o volume de produção projetado. Para aumentar a capacidade, basta adicionar novas células ao processo. É também flexível. “Ela é viável mesmo a partir de minério ou rejeitos com níveis de concentração de metais muito abaixo do mínimo exigido hoje pelas indústrias do setor”, comentou Itamar Resende. 

Para o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, a tecnologia da Boston Metal deve atrair ainda mais investimentos para Minas.

“A pauta ESG está cada vez mais forte dentro das empresas. Muitas delas têm interesse em processar os rejeitos originados da atividade minerária, por exemplo, evitando que esses materiais sejam destinados ao ambiente e ainda gerando receita. É um projeto que tem tudo para se espalhar pelas regiões mineradoras”, afirmou.



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