Creche de Perdões recebe mais de 100 itens em madeira fabricados por presos de Lavras

Mesas, cadeiras, nichos, estantes e brinquedos foram doados nesta sexta-feira (20/5) para uma creche filantrópica que atende crianças carentes

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Sejusp / Divulgação

Apesar de fria, a manhã desta sexta-feira (20/5) foi de pura alegria para as 120 crianças atendidas pela creche Lar, Trabalho e Escola do Menor Perdoense (Latemp). A instituição, localizada no município de Perdões, recebeu do Presídio de Lavras, no Sul de Minas, mais de 100 itens em madeira para abastecer as salas de aula e dar mais conforto às crianças atendidas pelo projeto. Entre as peças coloridas estão mesinhas, cadeiras, estantes, nichos e brinquedos pedagógicos que fizeram estampar largos sorrisos nos rostos dos pequenos.

Tudo começou com a iniciativa da direção do Presídio de Lavras, distante 28 quilômetros de Perdões, que há cinco meses fez uma primeira visita ao local e, a partir de então, as ideias começaram a ganhar forma por meio das mãos dos custodiados que já trabalhavam na marcenaria instalada dentro da unidade prisional. Da madeira bruta, que chega ao presídio por meio de doação, móveis foram se formando até que um caminhão pudesse hoje estacionar em frente à creche carregado de itens coloridos.

As peças foram fabricadas por 12 custodiados que trabalham na marcenaria do Presídio de Lavras, instalado desde 2019 em um espaço de 83 metros quadrados. A Latemp não é a primeira instituição beneficiada com as peças produzidas pelas mãos de detentos. Uma das primeiras produções de móveis teve uma destinação especial, o Posto de Saúde na zona rural de Lavras, que recebeu três mesas com gavetas, três cadeiras de escritório e os bancos da fila de espera.

De lá pra cá, três anos após o início do projeto, muitas instituições foram beneficiadas, entre elas a Apae de Lavras, Casa do Vovô, Vale das Bênçãos Church, Igreja Congregação Cristã no Brasil, Lar & Vida (tratamento para câncer), ONG Animais Nossos Irmãos e Associação Nazareno de Proteção à Criança e ao Adolescente. Fabricar os móveis significa uma corrente de solidariedade. A madeira é doada por empresários de Lavras, que viram no projeto uma oportunidade de ajudar as instituições filantrópicas da região.
 

Sejusp / Divulgação

Para a diretora-geral da unidade prisional, Anamaria Borges Pereira, “ressocializar é a arte de fazer o bem”. E é com essa premissa que a unidade prisional vem há anos incentivando o trabalho prisional, a fim de que aquele que deixar o presídio possa encontrar acolhimento na sociedade para recomeçar, longe da criminalidade.

Produção de sonhos

A iniciativa nasceu quando os servidores da área de atendimento ao preso tomaram conhecimento do currículo de Rodrigo Barboza, custodiado com ampla experiência como montador de móveis planejados e marceneiro. Ele se ofereceu para ensinar, e a direção do presídio decidiu realizar o projeto de formar marceneiros e, ao mesmo tempo, produzir móveis para instituições assistenciais. Um marceneiro com uma década de profissão e experiência jamais poderia imaginar que ensinaria o ofício dentro de uma unidade prisional, em uma oficina especialmente montada para esta finalidade. Hoje, 12 custodiados trabalham na pequena fábrica. De lá saem não somente objetos em madeira, mas também sonhos realizados.



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