Estudo avalia cultivo de frutas vermelhas em regiões menos frias

Produtores mineiros veem no crescimento do mercado oportunidade para incremento de renda

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O produtor Diego Souza, de Cruzília, no Sul do estado, hoje produz 30kg de framboesa por dia
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O mercado das pequenas frutas vermelhas, também chamadas de berries, cresce cada vez mais no Brasil. Não é difícil encontrar em feiras e supermercados frutas como morango, amora, framboesa, e até mesmo outras menos comuns, como blueberry (mirtilo), gogiberry e fisalis. Além do consumo in natura, com elas é possível fazer sucos, geleias, sorvetes e molhos. As opções são variadas e produtores de Minas Gerais estão vendo essas frutas como oportunidade para incrementar a renda das propriedade agrícolas.

Em Maria da Fé, município do Sul de Minas, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) atua em estudos com frutas de clima temperado desde 2007. Responsável por conduzir os trabalhos, o pesquisador Emerson Gonçalves conta que, para o cultivo de berries, são necessárias temperaturas abaixo de 7.2°C.

Segundo o pesquisador da Epamig, o pequeno município de Maria da Fé está a quase 1.300 metros de altitude e, por esse motivo, registra temperaturas muito baixas no inverno, ideais para o cultivo das frutas vermelhas.

Além de Maria da Fé, em Minas Gerais há registros de cultivos de berries em outros municípios do Sul, sobretudo com tradição consolidada na produção de morangos, como Senador Amaral, Pouso Alegre e Cambuí.

Novas áreas

De acordo com Gonçalves, o desafio agora é encontrar modos de desenvolvimento das berries em outras regiões do estado. O pesquisador realiza estudos acerca da fenologia das espécies ao longo do ano com objetivo de implantar pomares em áreas com pouco ou nenhum frio. 

Por meio de algumas técnicas, como a produção forçada de amora preta, já é possível atestar resultados positivos na produção da fruta em locais mais quentes. Exemplo disso é o município de Machado, local onde alguns produtores estão aproveitando a entressafra do café para o plantio de berries. A técnica de produção forçada, já empregada em larga escala por produtores do México, consiste na utilização de reguladores de crescimento associados à supressão da irrigação e da desfolha para forçar a produção das plantas.

Além disso, estudos da produção de berries em Lavras, localizada a 200 quilômetros de Maria da Fé, também mostrou a viabilidade do cultivo no município. Porém, é importante destacar que, antes de qualquer empreendimento com esse objetivo, é necessário realizar um teste piloto para observar o comportamento das espécies no local pretendido. Vários municípios já estão realizando testes como esse.

Orientação

Os produtores vão até a Epamig em Maria da Fé em busca de orientações sobre o que cultivar e como iniciar o plantio de frutíferas de fácil manejo, baixo custo de implantação e alto valor agregado. Esse foi o caso de Diego Souza, produtor de Cruzília, no Sul de Minas, que procurou a Epamig de Maria da Fé em 2019. 

Diego foi instruído por Emerson a plantar framboesas e amoras. O pesquisador também indicou uma série de publicações técnicas da Epamig para o produtor. Como resultado, segundo Souza, a plantação foi bem sucedida e, um ano após o plantio, já é possível colher os frutos. "Hoje, tenho um hectare de framboesa já em produção, cerca de 30 kg por dia, e meio hectare de amoras com previsão de início de produção para o segundo semestre deste ano", conta Diego.

A Epamig disponibiliza gratuitamente para download um Informe Agropecuário totalmente dedicado às pequenas frutas vermelhas. A edição dá orientações de tecnologias de produção, manejo, cultivo, comercialização, além de artigos relativos ao melhoramento genético, biotecnologia, características botânicas, conservação pós-colheita e processamento.

A Epamig é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).



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