Hospital Infantil João Paulo II integra estratégia global de combate à meningite bacteriana

Prevenção, diagnóstico e tratamento precoces constituem base para eliminar epidemias da doença que ameaça, principalmente, a vida de crianças e adolescentes

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Em consonância com a "estratégia global para derrotar a meningite até 2030", instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de 2021, infectologistas pediátricos do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), fazem apelo aos pais e responsáveis para que vacinem seus filhos a fim de protegê-los da meningite bacteriana, forma mais grave da doença, que pode matar ou causar incapacidades. O Dia Mundial de Combate à Meningite foi celebrado em 24/4.

Segundo a infectologista pediátrica Andrea Lucchesi de Carvalho, neste ano foram atendidos 22 casos de suspeitas de meningite, independentemente do agente infeccioso. O número expressa a realidade da unidade assistencial, que fica na região Centro-Sul de Belo Horizonte, nos últimos anos. Em 2019, 89 crianças e adolescentes deram entrada no setor de infectologia. Em 2020, foram 73, e em 2021, o número subiu para 93. “Crianças menores de 5 anos são as mais acometidas, principalmente em razão da imaturidade do sistema imunológico”, salienta a médica.

“Geralmente, a cada dez casos de meningite bacteriana um evolui para óbito e, a cada cinco casos, um evolui com sequela”, sintetiza Lucchesi. As sequelas são de longa duração e comprometem a qualidade de vida das pessoas acometidas, que podem apresentar convulsões, danos neurológicos, perda da visão e da audição, como também deficiência cognitiva.

Urgência

Os pacientes atendidos pelo Hospital Infantil João Paulo II são encaminhados por outros hospitais, por unidades de pronto atendimento (Upas) e pelo pronto atendimento do próprio hospital.

Considerada uma urgência em razão da gravidade, risco de sequela e pela necessidade de isolamento respiratório, até que haja a definição do agente infeccioso, a meningite é uma inflamação grave das membranas que contornam o cérebro e a medula espinhal, causada, principalmente, pela infecção por bactérias e vírus.

A cada ano, aproximadamente, 250 mil pessoas morrem no mundo devido à meningite bacteriana que, além da letalidade, pode provocar epidemias de propagação rápida.

Como esclarece Lucchesi, os sintomas da doença, em todas as formas, dependem da idade, mas, em geral, são febre com convulsão, vômitos, irritabilidade, cefaleia, sinais de irritação meníngea  - membrana que reveste o encéfalo - e, às vezes, manchas na pele. Esses sintomas podem evoluir para alteração do nível de consciência e até mesmo choque séptico.

Endemia

A meningite é uma doença endêmica e um problema de saúde pública no Brasil e em outros países, com a ocorrência de casos ao longo do ano. No entanto, os tipos virais são mais frequentes no verão, enquanto os quadros bacterianos costumam surgir no inverno, inclusive, com a possibilidade de haver surtos.

Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) mostram que, em 2020, a cobertura vacinal no estado para a meningocócica C (conjugada) – que protege contra infecções graves como a meningite e a sepse – foi de 86,43% em crianças menores de um ano de idade e de 85,67% naquelas acima de um ano. Em 2021, a cobertura caiu para 73,7% em menores de um ano e 72,26% nos maiores de um ano.

A situação se repete em todo o país. Para enfrentar o desafio de aumentar a cobertura para os 95% preconizados, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) estendeu, para julho deste ano, o prazo para que crianças de até 11 anos incompletos (dez anos, 11 meses e 29 dias) sejam imunizadas. De modo geral, a vacina é destinada a menores de seis anos, com a administração de um reforço aos 11 e 12 anos por meio da meningocócica ACWY.

Vacinação

Andrea Lucchesi chama a atenção para o fato de que, apesar de a maioria dos pais e responsáveis afirmarem que são favoráveis à vacinação, na prática, a adesão não acompanha o discurso. Nos últimos anos, a cobertura vacinal tem ficado abaixo do esperado, o que pode levar o país a enfrentar uma epidemia da doença num futuro próximo, caso a adesão permaneça abaixo do índice de segurança de 95% da população na faixa etária alvo das campanhas.

A recomendação é que os pais e responsáveis fiquem atentos a qualquer alteração do comportamento das crianças e dos adolescentes. Alguns sintomas da meningite são facilmente confundidos com os de outras infecções causadas por vírus e bactérias. Caso seja observado choro persistente, inapetência, prostração e dor de cabeça, é fundamental que a criança ou o adolescente sejam avaliados pelo médico o mais rápido possível. Um cuidado simples, mas fundamental, é a limpeza das mãos com frequência, principalmente antes das refeições.



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