Minas Gerais mantém abertura de leitos de UTI, mas falta de medicamentos é a maior preocupação

Nesta quarta-feira (7/4), Estado abriu dez unidades no Hospital Eduardo de Menezes; ocupação em enfermaria está abaixo de 75%

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Governador reforçou que o Estado tem buscado soluções diante das dificuldades enfrentadas na assistência hospitalar
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O Governo de Minas mantém os esforços para abertura de leitos de UTI em todo o estado. Nesta quarta-feira (7/4), por exemplo, foram implantados outros dez leitos de terapia intensiva no Hospital Eduardo de Menezes, da rede Fhemig, em Belo Horizonte. A maior dificuldade, porém, é em relação à falta de medicamentos para atendimento aos pacientes internados, em especial os sedativos.

Durante coletiva nesta quinta-feira (8/4), o governador Romeu Zema e o secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, ressaltaram que a fila atual de espera por um leito de UTI em Minas está reduzindo, o que demonstra uma desaceleração no número de casos. Hoje, são 615 pessoas no estado, enquanto em Belo Horizonte a fila é de 80 doentes.

“Esse número é o menor evidenciado nas últimas semanas. Essas aberturas (de leitos) são muito importantes e existem ainda os chamamentos abertos na tentativa de progredir nessa expansão. Estamos com expectativa de abrir na rede Fhemig mais leitos na capital. Tentamos em Juiz de Fora e Patos de Minas, onde temos mais autonomia de gestão. Em relação aos prestadores que não são do Estado, temos o financiamento com valores diferenciados para que a gente consiga aumentar os leitos em algumas regiões”, pontua o secretário, citando ainda tentativas de mais UTIs nas regiões Leste e Oeste, onde a situação é crítica.

Depois de suspender a transferência de doentes entre as regiões devido à sobrecarga de todo o sistema hospitalar, o Estado já voltou a conseguir deslocar os doentes. “Todo paciente que se encontra em um município que não tem capacidade de atender, encaminha a informação e a regulação estadual busca em outros municípios e regiões uma vaga. Estamos vendo uma queda no número de casos na regulação. Vivemos um momento difícil em que todas as regiões estavam com um sistema de Saúde muito tenso, mas agora já conseguimos o deslocamento de pacientes de locais que não conseguem dar assistência adequada”, esclarece Fábio Baccheretti.

Sem estoque

Mas, com a baixa no estoque de medicamentos, especialmente do chamado kit intubação, qualquer tentativa de abertura de leitos se torna mais complicada. “Temos poucos medicamentos e sedativos. Nosso papel é evitar o aumento de casos já que isso implica maior consumo”, alerta Baccheretti.

Segundo o governador, após enfrentar os problemas no fornecimento de oxigênio, a falta de sedativos passou a ser alarmante.

“As unidades hospitalares do estado, que trabalhavam com estoque de 60 dias ou mais, hoje têm estoque para no máximo três dias. Isso é muito preocupante. Estamos correndo risco de pacientes intubados acordarem porque faltou sedativo e sabemos que isso não pode ocorrer de forma alguma”, adverte Zema, esclarecendo que a mudança de procedimento adotada pelo Ministério da Saúde foi a causadora da crise. “O ministério fez requisição administrativa desses insumos e não tem conseguido distribuir com velocidade adequada. Hoje a situação é crítica e, amanhã, podemos ter notícias desagradáveis com relação a isso caso o fornecimento não seja normalizado”, afirma.

O Governo de Minas tem buscado solucionar o problema de forma paliativa, remanejando o estoque atual. “Quando uma unidade hoje tem estoque para sete dias, ela remaneja para aquela que tem só para um dia, coisa que antes não acontecia. Então, isso demanda uma sobrecarga ainda maior dos profissionais de Saúde. E estamos tentando compras alternativas, inclusive no exterior”, explica o governador.

Segundo o secretário, fiscais do Estado e também dos municípios têm apoiado na fiscalização dos estoques dos medicamentos nos hospitais para garantir a distribuição justa entre as unidades.

“Temos uma rede solidária. Assim vamos garantindo, conforme a chegada dos medicamentos do governo federal, um estoque médio de três dias. Todo o estoque recebido pela secretaria já foi disponibilizado, hoje não temos nada. O que nós fazemos se alguma instituição estiver com problema de estoque é buscar na rede solidária algum hospital que está com estoque um pouco maior ou buscar alternativas. Têm vários sedativos, bloqueadores neuromusculares. Às vezes falta um, mas temos outro. É muito difícil, não era até então papel da secretaria fazer, isso era realmente algo de gestão hospitalar, mas estamos dando esse apoio para que não haja nenhum risco. Por isso a importância de reduzir o número de pacientes, para que o mercado se adeque a essa quantidade de consumo”, explica Baccheretti.

Hospital de campanha

Romeu Zema voltou a lembrar que o Hospital de Campanha não é a solução para atender aos pacientes que aguardam leitos no Estado, uma vez que esse tipo de unidade conta com unidades de enfermaria, e estas estão com ocupação de 75%.

“O Hospital de Campanha tinha 700 leitos de enfermaria e em um ano de pandemia conseguimos agregar ao sistema de saúde do estado o equivalente a quase 15 hospitais de campanha e com qualidade muito maior, pois foram agregados a unidades hospitalares que contam com uma série de recursos que o de Campanha não tem, como exames, laboratórios etc”, afirma o governador.

O Estado conta, atualmente, com 4.635 leitos de UTI e 20.878 de enfermaria.



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