Novas variedades mudam perfil da produção de morango no Sul de Minas

Safra no inverno deste ano deve ser menor do que em 2022, mas tendência é de aumento da colheita ao longo do ano

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O plantio de morangos no Sul de Minas passa por mudanças significativas neste ano, com a introdução de novas variedades da planta. Esse fator, juntamente com intempéries climáticas, deve resultar em colheita total nesta safra de inverno menor do que a de 2022. O engenheiro agrônomo Raul Maria Cássia, coordenador regional da Emater-MG em Pouso Alegre, afirma que a produtividade das lavouras de morango em 2023 tem sido afetada pela baixa maturação dos frutos, causada pelo excesso de frio e outras adversidades no clima, o que tem resultado na redução da oferta de morango no mercado varejista.

De acordo com a Ceasa Minas, no último mês de julho, foram ofertadas 420,64 mil quilos de morangos na área da Grande BH. Uma redução de 11,67% em relação à oferta de julho de 2022. Na direção oposta, o preço do quilo do produto tipo extra, na Ceasa Minas, apresentou alta de 24,9%, entre julho de 2022 e o mesmo mês de 2023.

O coordenador da Emater-MG explica que o aumento da utilização de variedades de morango de dias neutros (menos sensíveis às variações de luminosidade diária), substituindo variedades de dias curtos (mais adaptadas ao inverno, com menos horas diárias de sol), levou a uma queda na produção nos meses mais frios deste ano. "No entanto, essa situação é transitória e espera-se que a oferta melhore a partir da primavera, com o aumento das horas de insolação e das temperaturas", estima Raul Maria Cássia.

Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de morangos, sendo o Sul de Minas responsável por cerca de 90% da produção total do estado, estimada em 3.061,91 hectares. A região de Pouso Alegre, que abrange 2.681 hectares, representa 87,5% da safra mineira, concentrada principalmente nos municípios de Bom Repouso, Espírito Santo do Dourado, Estiva, Senador Amaral e Pouso Alegre.

De acordo com o coordenador estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, cerca de 9 mil agricultores se ocupam da produção comercial do morango no estado. Ele ressalta que a agricultura familiar é responsável por 92% da produção, em propriedades de cerca de meio hectare. "É uma atividade rentável, considerando o retorno financeiro por área utilizada", avalia.

Semi-hidroponia

Raul Maria Cássia, da Emater-MG em Pouso Alegre, chama atenção para outra tendência de mudança na produção do morango. "Devido à escassez crescente de mão de obra e à necessidade de melhorar as condições ergonômicas para os trabalhadores nas lavouras, a introdução de novas tecnologias, como o sistema semi-hidropônico, está se acelerando. Embora o custo de produção seja mais alto do que o sistema convencional no solo, variando de R$ 9 a R$ 25 por muda, a produção esperada, que é de duas caixas por planta, compensa o investimento", afirma o coordenador regional.

Ele também informa que os produtores estão constantemente em busca de variedades mais resistentes no cultivo de morangos, visando reduzir os impactos de doenças e pragas. Um destaque é a PRA Estiva, primeira variedade nacional, desenvolvida no município de mesmo nome, no Sul de Minas. A Emater-MG participou no período de testes, em diferentes condições de clima e manejo. A variedade produz bem tanto em temperaturas baixas quanto mais altas, além de ter um preço mais vantajoso em relação às importadas.

"E a Embrapa está na iminência de lançar a BRS DC25 (Fênix)", ressalta Raul. A nova cultivar foi desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado, no Rio Grande do Sul, e se destaca pela precocidade do início da produção dos frutos, o que permite intervalo menor entre plantio e início da colheita. Essa característica tem a vantagem de ampliar a janela de produção, por até sete meses (de junho a dezembro), aumentando a oferta de frutos de qualidade para os consumidores. E, para os agricultores, significa maior faturamento, com a possibilidade de obter preços melhores durante o período anterior ao da colheita das principais cultivares já existentes. O desenvolvimento da Fênix contou com a participação da Embrapa Hortaliças (DF), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Uva e Vinho (RS). O lançamento oficial está previsto para setembro.



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