Polícia Civil detecta substâncias nocivas à saúde em tanque de refrigeração da cervejaria

O dietilenoglicol também foi detectado em mais um lote da bebida, que foi distribuído no estado do Espírito Santo

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apresentou, hoje (13/1), o resultado da perícia realizada na substância recolhida do tanque de refrigeração de um dos tonéis usados na produção da cerveja Belorizontina.

Segundo as investigações, o resultado deu positivo para o dietilenoglicol no lote L02 1354. A substância já havia sido detectada em amostras de duas cervejas dos lotes L01 1348 e L02 1348, que foram fornecidas pelos familiares das vítimas de intoxicação, logo no início dos trabalhos de polícia judiciária. O sangue dessas pessoas foi analisado e também foi detectada a substância. 

Crédito: Divulgação PCMG 

O chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado-geral Wagner Pinto, explicou que o objetivo agora é entender como se deu a intoxicação. “Neste contexto, há uma necessidade premente do trabalho pericial. Hoje, podemos afirmar que há compatibilidade dos sintomas da síndrome nefroneural com o dietilenoglicol”, analisa.

No último sábado (11/1), peritos do Instituto de Criminalística (IC) da PCMG levaram as amostras de diversos lotes da cerveja para análise no Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O superintende de Polícia Técnico-Científica da PCMG, Thales Bittencourt, coordena os trabalhos científicos e determinou que fossem realizados os testes de carbonatação. “O exame, realizado em Brasília, foi de suma importância para demonstramos que as garrafas examinadas - tanto as cedidas pelas famílias das vítimas, quanto as entregues pela empresa - estavam intactas, ou seja, sem sinal de violação”, detalha.

Capixaba
Uma das amostras analisadas na capital federal foi a cerveja Capixaba do lote L02 1348. O resultado deu positivo para a carbonatação, ou seja, sem possibilidade de violação; e positivo, também, tanto para o monoetilenogilicol quanto para o dietilenoglicol. “Já podemos dizer que três lotes estão contaminados com o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol. Podemos afirmar a existência do dietilenoglicol em garrafas recolhidas na empresa, na casa das vítimas e no sangue das vítimas”, descreveu Wagner Pinto.

Durante a perícia realizada na empresa, na última quarta-feira (9/1), investigadores e peritos recolheram notas fiscais que demonstram a aquisição de monoetilenoglicol. O delegado Flávio Grossi, titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil Barreiro, explica que as diligências preliminares começaram no domingo (5/1) e, após o resultado positivo para a presença da substância dietilenoglicol, foi instaurado o procedimento investigatório.

As investigações começaram assim que a Secretaria de Estado de Saúde informou à PCMG sobre a possiblidade de contaminação exógena. “Hoje temos a informação de 11 vítimas contaminadas, uma delas faleceu. Durante essa semana, delimitamos a janela de contaminação desses lotes, que estaria entre a 2ª quinzena do mês de novembro e 1ª do mês de dezembro de 2019. A maioria das vítimas se concentra no bairro Buritis, região Oeste da capital. O produto também foi adquirido no bairro Lourdes, região Centro-Sul, bairro Cidade Nova, região Nordeste, bairro Cruzeiro, região Centro-Sul, e em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte”, aponta o delegado. 

O superintendente de Polícia Técnico-Científica, Thales Bittencourt, ressalta que a cadeia de custódia das amostras analisadas está totalmente preservada. “Uma das amostras analisadas em Brasília foi apreendida na inspeção do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Um agente público retirou a garrafa da empresa, que foi acautelada no IC, para que fosse comparada com o lote de cervejas cedidas pelos familiares das vítimas e o resultado foi o mesmo: positivo para o dietilenoglicol. Na amostra também foi detectada a presença do monoetilenoglicol”, conclui.



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