Prevenção capacita mais de 250 oficineiros multiplicadores de segurança pública do Programa Fica Vivo!

Oficineiros das 32 Unidades de Prevenção à Criminalidade que desenvolvem o programa se reuniram na capital

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Iana Domingos / Divulgação

Apostando no fortalecimento do programa de Controle de Homicídios – Fica Vivo!, que atua na prevenção e redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, em áreas estratégicas, a Secretaria de Estado de Justiça de Segurança Pública (Sejusp), por meio da Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade (Supec), reuniu nesta terça-feira (20/12), mais de 250 oficineiros do programa no evento “Formação de Oficineiras e Oficineiros Multiplicadores de Segurança Pública do Programa Fica Vivo!”. A capacitação, que ocorrerá em dois dias, no Centro de Belo Horizonte, busca qualificar os profissionais das 32 Unidades de Prevenção à Criminalidade (UPCs) do estado que desenvolvem o programa e aperfeiçoar o atendimento prestado nas comunidades.

O evento conta com palestras gerais e grupos temáticos simultâneos. A participação presencial de oficineiros de fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte é uma inovação desta edição. Todos os presentes terão acesso à certificação.

Valorização

Presente na mesa de abertura da capacitação, a subsecretária de Prevenção à Criminalidade, Andreza Meneghin, movimentou a plateia ao anunciar algo que alegrou os profissionais presentes: o reajuste do recurso recebido pelos oficineiros para a execução das oficinas, que passará de R$ 1.030 para R$ 1.300 a partir de 2023. 

“Vocês fazem diferença junto aos jovens, nesses territórios. É uma alegria conseguir trabalhar esse reconhecimento. Nesta ação queremos fomentar a capacitação dos oficineiros, mas também qualificar cada vez mais o Fica Vivo!, que no próximo ano irá completar duas décadas, dando resultados de redução de 20% no índice de homicídios do público alvo nos territórios atendidos”, destacou a subsecretária. 

Estiveram presentes na solenidade de abertura, além da subsecretária de Prevenção à Criminalidade, a superintendente de Políticas de Prevenção à Criminalidade, Flávia Cristina Silva Mendes, a diretora de Proteção da Juventude, Michelle Gangana Duarte, e o gerente de Monitoramento e Gestão de Projetos do IELO, Diogo Caminhas. Um painel coletivo no Padlet foi criado para que todos os participantes registrassem suas impressões sobre o evento.

Debates e qualificação

Após a abertura, os presentes participaram da mesa temática “Letalidade Juvenil: o fenômeno e a desnaturalização da morte dos adolescentes e jovens”, comandada pelo palestrante Alessandro Santos. O professor doutor, estudioso de temas afetos à segurança pública, também se apresentou como o primeiro estagiário do programa Fica Vivo!, na época do início das atividades.

“Eu sou um homem preto, quilombola, o primeiro da família a entrar em uma graduação, o primeiro com mestrado e o único com doutorado. Há 43 anos sou um sobrevivente, porque a morte está traçada na história do público negro neste país, principalmente do público jovem. Quem mata e quem morre, grosso modo, são os jovens. Quem morre no Brasil geralmente tem a minha cara, a minha cor e o meu gênero. Precisamos refletir a segurança pública percebendo as especificidades de gênero, raça, renda e outras peculiaridades. Vocês são representantes de uma política de segurança pública, que eu já tive o prazer de participar como técnico e estagiário, e por meio de vocês podemos construir uma nova forma de se estabelecer essas políticas de segurança, de forma verdadeiramente estratégica”, observou o palestrante.

Após a palestra geral, os participantes se dividiram em quatro grupos temáticos simultâneos. A distribuição foi realizada conforme o interesse de cada oficineiro: Criminalização da Juventude; Prevenção e Redução de Conflitos e Rivalidades Violentas; Masculinidade e Virilidade: impactos nos homicídios dolosos; e Juventude: que momento é esse e qual o lugar que a criminalidade pode ocupar nesse tempo.

E, na sequência, ingressaram em outras palestras e mesas temáticas, que buscam qualificar a atuação desses oficineiros e oficineiras sobre letalidade juvenil, criminalização da juventude e segurança pública cidadã, entre outras temáticas que perpassam a prática, com potencial para possibilitar maior acesso ao público e aperfeiçoar o atendimento prestado na comunidade; ampliar o compartilhamento de experiências e boas práticas na intervenção com adolescentes e jovens com trajetórias de envolvimento com a criminalidade e/ou que adotam condutas de risco; promover o aperfeiçoamento da análise dos conflitos e rivalidades violentas que as juventudes vivenciam em suas comunidades, como estratégia de prevenção e redução de resolução violenta e/ou letal dos conflitos, em especial os homicídios dolosos de adolescentes e jovens.

Wilson Vagner, conhecido como W2, de 42 anos, é oficineiro de esportes da UPC Taquaril. Ele, que desde a adolescência se preocupa com as temáticas que afetam esse público, por ver de perto a morte de amigos e colegas, entrou no programa em 2010, ministrando uma oficina de artesanato, depois passou por cultura e agora está usando o esporte como espaço para trabalhar com a juventude temas ligados às drogas, criminalidade e conflitos. 

“Ao longo da minha vida, vi camaradas se envolvendo na criminalidade e morrendo. Encontrei esse espaço no programa para tratar o tema. O Fica Vivo! é extremamente significativo, se houvesse um programa como esse na década de 90, período da minha juventude, teríamos salvo muitas vidas. Porque era uma juventude que vivia largada, esquecida, sem espaço. Caso tivéssemos um programa assim há mais tempo, provavelmente não lamentaríamos a morte tão prematura de tantos jovens hoje. E esta qualificação nos ajudará a pensar novas estratégias de articulação”, ponderou o oficineiro.



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