Produtos agrícolas devem fechar o ano com crescimento de dois dígitos

Investimento em lavouras de café, soja, cana-de-açúcar e milho aliado à demanda do mercado externo e alta do dólar explicam performance  

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A valorização de produtos agrícolas como café (34,9%), soja (23,6%), cana-de-açúcar (14,4%), milho (12,4%) e batata inglesa (3,9%) deve impulsionar, neste ano, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Minas Gerais. Segundo o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez,  o VBP deve fechar 2022 em R$ 141 bilhões, o que representaria uma expansão de 12,6% em relação ao ano anterior. 

O VBP é o resultado da relação entre o volume de produção e a cotação média do produto que é calculada mensalmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa).  Segundo Albanez, esse desempenho positivo foi impulsionado neste ano principalmente pelas lavouras, que apresentaram um crescimento de 22,7% em relação a 2021, com projeção de R$ 97,3 bilhões. 

“Todos esses produtos tiveram um crescimento impulsionado pela melhoria da produção ou pelos melhores preços, ou pela combinação dos dois. Estes bons resultados vêm ocorrendo desde 2017, mas é importante registrar também que foram impactados por um incremento significativo no custo de produção”, ressalta. 

De acordo com o subsecretário, vários fatores têm impactado os mercados, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a demanda crescente por alimentos e a valorização do dólar. "Essas situações têm deixado o mercado muito volátil e de difícil previsibilidade. No entanto, é muito importante que os produtores mantenham o desafio de buscar um incremento na produtividade com sustentabilidade para a manutenção da segurança alimentar”, enfatiza, lembrando que a visão empreendedora dos agricultores e os investimentos em tecnologias foram responsáveis pelos resultados positivos em produtividade. 

Exportações

Albanez lembra que Minas Gerais exportou US$ 7,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, montante 43,9% superior a igual período de 2021. “Em relação ao volume exportado, ocorreu uma redução de 4,6%, mas os preços médios dos produtos foram valorizados, o que impactou o mercado interno e pressionou os preços", explica.   

A evolução dos preços das commodities agrícolas, acompanhada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a Agricultura (FAO), mostra que o índice de Preços de Alimentos manteve-se, em junho de 2022, 13,1% acima do valor registrado em igual mês do ano passado.

Impactos climáticos        

Mas não basta surfar na onda dos bons preços para garantir lucros com a produção agrícola. Um dos entraves enfrentados pelo produtor pode chegar sem aviso e devastar safras inteiras. “Da mesma forma que a demanda pelas commodities agrícolas tem aumentado nos mercados interno e externo nos últimos anos, as condições climáticas têm impactado algumas culturas importantes em Minas Gerais. Por exemplo, em 2021, tivemos uma geada que, segundo levantamentos da Emater-MG, afetou, aproximadamente, 156 mil hectares. Os desafios não se limitaram a este fenômeno, mas também a veranicos e chuvas em excesso, entre outros”, avalia Albanez.   

Pequenos produtores  

Sobre perspectivas de um futuro mais sustentável na agricultura, Albanez lembra que é comum a visão de que só médios e grandes produtores têm acesso ao mercado externo. No entanto, ele salienta que, quando se analisa a exportação das 27,5 milhões de sacas de café em 2021, um número expressivo de agricultores familiares teve importante participação na venda desta commodity, evidenciando a importância das cooperativas, que exercem um papel relevante de inserção do produto no mercado internacional.  

O subsecretário lembra também a crescente expansão do segmento de apicultura. "A produção dos produtos apícolas tem tido sua participação ampliada nos mercados, e são produzidos essencialmente por agricultores familiares", enfatiza. “Os produtos apícolas, neste primeiro semestre, alcançaram uma receita de US$ 9,7 milhões, o que já representa 0,1% da pauta de exportação do agronegócio mineiro”, conta.



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