Bombeiros intensificam preparação para evitar afogamentos no estado
Nesta semana,500 bombeiros realizaram exercícios de salvamento aquático na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima
Mais de 500 bombeiros se revezaram, nesta semana, em um dia inteiro de atividades na água, desafiando o limite físico e superando a barreira dos 1.200 metros de exercícios de salvamento aquático. Todo o percurso, realizado na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, foi executado sem o auxílio de equipamentos, em profundidades que podem chegar a 12 metros.
O objetivo do evento 'Travessia 2024' é desenvolver as habilidades natatórias dos discentes do Curso de Formação de Soldados (CFSd) em águas abertas, e contou com o apoio da Marinha do Brasil, que faz a gestão das águas em território nacional.
O recruta Sérgio Patrick dos Reis Marques contou sua experiência de quando ainda era adolescente e ficou em apuros por não saber nadar.
“Uma vez, brincando no rio com meus irmãos e meus amigos, comecei a nadar na parte rasa e fui para a parte funda sem perceber. Quando parei, não consegui mais flutuar e comecei a ter um princípio de afogamento. Sempre tive um pouco de medo de água, mas para entrar no Corpo de Bombeiros fiz algumas aulas, mesmo assim, ainda tinha dificuldade e não conseguia nadar nem 75 metros. No curso e com a ajuda dos instrutores, já fiz prova de 400 metros, algo que eu imaginava ser impossível. Aqui, na Lagoa dos Ingleses, consegui fazer a travessia de 1.200 metros”, conta, demonstrando orgulho por vencer suas limitações.
Sentimentos como o medo e desespero foram superados em mais uma atividade de capacitação promovida pelo Corpo de Bombeiros para o processo de formação dos soldados que, em breve, atuarão em situações diversas de afogamento.
Afogamentos
De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), 15 brasileiros morrem afogados diariamente, sendo a segunda maior causa de mortes no país. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) já registrou aproximadamente 2.500 mortes nos últimos oito anos em todo o estado. Este total representa uma média de 309 afogamentos por ano e quase uma morte por dia.
Em 2020, o CBMMG realizou uma pesquisa qualitativa em seus registros de atendimento que demonstram que o perfil dos óbitos por afogamento em Minas Gerais é de homens, com idade média de 25 anos.
Além disso, 33% dos casos de afogamento acontecem na faixa etária entre 19 e 32 anos de ambos os sexos. Ou seja, é praticamente 10 vezes maior a incidência de afogamentos de homens do que de mulheres e a faixa etária dos 19 aos 32 responde por 1 em cada 3 afogamentos no estado.
Para reduzir os números tão significativos, é imprescindível reforçar as ações de prevenção e conscientização dos cuidados a serem tomados nos momentos de lazer e derrubar certos padrões que induzem ao risco. E esta tem sido a aposta do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais: trabalhar a prevenção intensificando a presença dos militares nos locais mais críticos e reforçando a conscientização por meio de ações coordenadas e com o apoio da imprensa.