Cemig lança manual bilíngue para indígenas Maxakali sobre cuidados com a rede elétrica

Material tem como objetivo garantir a segurança e o uso sustentável da energia nas aldeias

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Todo o conteúdo do livro foi montado em conjunto com os indígenas, que elaboraram todas as ilustrações e a tradução do texto
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A Cemig lançou uma cartilha para incentivar o uso sustentável e seguro da energia em aldeias de denominação Maxakali, localizadas, principalmente, nos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas.

O material, construído em conjunto com os indígenas, que elaboraram todas as ilustrações e a tradução do texto, em oficinas realizadas nas aldeias, representa um olhar de cuidado com o povo Maxakali, uma vez que a energia elétrica é um recurso mais recente nas aldeias.

Conforme explica o engenheiro de eficiência energética da Cemig, Matheus Herzog, esse é um trabalho inovador, que envolveu a escuta ativa das pessoas indígenas e de diferentes parceiros que apoiam essa e outras ações de conscientização sobre o uso da energia elétrica.

“Nós fomos até as aldeias e entendemos que o uso da energia estava inseguro, pois eles têm recursos limitados para fazer as ligações internas das ocas e casas. Então, não era incomum encontrar emendas feitas com arame farpado e plásticos usados como isolantes. Ou seja, a energia chega até o padrão, e depois é administrada com materiais que tornam o ambiente muito inseguro e exposto a riscos”, afirma o engenheiro.

Diante disso, a Cemig realizou um levantamento de situações comuns em diferentes aldeias e que poderiam trazer riscos importantes à saúde e à vida. As dicas pontuam cuidados básicos com a energia, como não deixar roupas secarem sobre os fios elétricos, e aquelas precauções que são importantes em meio às tempestades – considerando que as aldeias estão localizadas em um terreno descampado.

Além disso, foram consideradas dicas sobre o uso sustentável da energia. Por serem povos indígenas que preservam grande parte da cultura, são poucos os equipamentos elétricos utilizados nas localidades, com destaque para o uso de lâmpadas, que são referências para a chegada nas comunidades ao cair da noite.

Por terem uma forte ligação com o canto, é comum o uso de aparelhos de som e telefones celulares. Em escolas e algumas ocas do território indígena, também há o uso de poucas unidades de geladeiras utilizadas em eventos e durante o calendário das aulas.

Treinamento

Desde o início de 2024, a Cemig se uniu ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para atender a uma demanda articulada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O objetivo era levar treinamentos aos Maxakali para que eles tivessem conhecimento básicos sobre as ligações elétricas que fazem no dia a dia.

Em setembro de 2024, as entidades realizaram um projeto-piloto na Aldeia Manoel Damásio, localizada em Bertópolis, quando o Senai apresentou uma tecnologia inédita, criada para as necessidades e especificidades dos indígenas. Dado o fato de que são povos seminômades, as mudanças dentro do território são comuns, o que exige que as estruturas elétricas também sejam movimentadas.

Com o sucesso piloto, foi realizado um novo treinamento, entre 11 e 22/8, na Aldeia Margarida, na região de Água Boa, em Santa Helena de Minas, com a participação de cerca de 30 alunos da comunidade. Agora, os treinamentos e regularizações das instalações das aldeias se estenderão nos próximos meses, com novas turmas em 20 aldeias do território.



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