Governo de Minas e UFMG anunciam patentes e investimentos que vão viabilizar testes em humanos da vacina Calixcoca
Avanço foi apresentado durante a celebração dos 40 anos da Fapemig, que reuniu pesquisadores, gestores e autoridades em Belo Horizonte
O Governo de Minas e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciaram, nesta quinta-feira (28/8), a concessão da carta patente nacional, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), e internacional, nos Estados Unidos, da vacina Calixcoca, inovação terapêutica contra a dependência de cocaína e crack.
O anúncio foi feito pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e pela reitora da UFMG, Sandra Goulart, durante solenidade em comemoração aos 40 anos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), cotitular da patente junto à UFMG.
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"Quero parabenizar a todos os parceiros que participaram ativamente da questão da Calixcoca, que vai, com toda certeza, trazer um avanço muito grande neste problema social que é a questão dos dependentes químicos. Este é um passo importantíssimo da nossa ciência, contribuindo para um problema que não é só de Minas, não é só do Brasil, mas do mundo todo", destacou Romeu Zema. |
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A partir de agora, uma nova etapa se inicia no desenvolvimento da Calixcoca. Com o aporte de R$ 18,8 milhões feito pelo Governo de Minas, será possível iniciar os testes clínicos em humanos, etapa essencial para transformar a pesquisa em alternativa terapêutica concreta.
Deste total, R$ 10 milhões são oriundos da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) e R$ 8,8 milhões da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), por meio da Fapemig.
Em 2024, foram repassados R$ 14,6 milhões, e mais R$ 1,69 milhão será pago ainda em 2025. O restante do valor — R$ 2,6 milhões — será repassado entre 2026 e 2027.
Além disso, por meio de chamadas públicas da Fapemig, outros R$ 500 mil já foram investidos para o desenvolvimento da pesquisa.
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"A Calixcoca é a primeira vacina vinculada ao consumo de crack e cocaína. Esse imunizante já demonstrou uma eficiência muito grande nos testes, até então feitos em camundongos, diminuindo a dependência e os efeitos da droga. E esse investimento de quase R$ 20 milhões fará com que essa vacina passe nessa nova fase de testes, para que em alguns anos ela possa ser utilizada na rede pública", pontuou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti. |
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Inovação reconhecida internacionalmente
Diferentemente das vacinas já testadas em outros países, a Calixcoca é não proteica, baseada na molécula sintética V4N2 (calixareno), e induz o organismo a produzir anticorpos que se ligam à cocaína no sangue, o que impede que a droga alcance o cérebro e bloqueia seus efeitos.
Os resultados pré-clínicos mostraram não apenas a produção de anticorpos, mas também a redução de abortos espontâneos em ratas prenhes expostas à droga. Os filhotes nasceram mais saudáveis e resistentes.
O projeto já recebeu importantes reconhecimentos, como o Prêmio Euro Inovação na Saúde (2023) e o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica (2023).
Ciência mineira em evidência
Criada com a missão de induzir e financiar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação em Minas, a Fapemig chega aos seus 40 anos como uma das principais agências de fomento do país. A expectativa é que os investimentos na área, em 2025, ultrapassem R$ 560 milhões, cumprindo a meta do Governo de Minas de aportar mais de R$ 1 bilhão em ciência, tecnologia e inovação até 2026.
“A Fapemig tem um papel fundamental. Temos muito orgulho de ser uma parte importante do ecossistema mineiro e brasileiro de ciência, tecnologia e inovação. E queremos, através da ciência e do investimento continuado, continuar sendo relevantes, gerando soluções que são fundamentais para a saúde, para o bem-estar dos mineiros e também para o crescimento da economia de Minas e do país”, disse o presidente da fundação, Carlos Alberto Arruda de Oliveira.
Cooperação para segurança alimentar
Durante a solenidade, também foi anunciada a parceria entre os Estados de Minas Gerais e Paraná para o desenvolvimento de pesquisas sobre melhoramento de soja e feijão, culturas centrais para o agronegócio brasileiro.
O Acordo de Cooperação Técnica foi assinado pela secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Mila Corrêa da Costa, e pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Bona. A primeira chamada pública da parceria vai destinar R$ 10 milhões para pesquisas em genômica do feijoeiro, da soja e do microbioma dos solos.