Início das atividades do Ceditac marca retomada da produção de algodão no Norte de Minas
Dia de Campo também reúne produtores de algodão em Catuti e destaca avanço da cotonicultura na agricultura familiar
Catuti, no Norte de Minas, com cerca de 4 mil habitantes, está no centro do começo de uma nova etapa para o cultivo de algodão na região. Autoridades e produtores se reuniram, nesta quarta-feira (28/8), para conhecer as instalações do Centro de Difusão de Tecnologia Algodoeira de Catuti (Ceditac), uma ampla usina de processamento do algodão.

E para coroar ainda mais o impulsionamento da cultura, a cidade recebeu o Dia de Campo do Algodão, uma ação apoiada pelo Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). O evento reuniu cerca de 300 pessoas para discutir os avanços da produção algodoeira, apresentar novas tecnologias e mostrar que o algodão voltou a ser um bom negócio, especialmente para os agricultores familiares.
Esse é o caso de Custódio Martins, produtor rural de Catuti, que trabalha com algodão desde os nove anos e conta como é bom ver a plantação florindo novamente. “Aprendi com meu pai e cultivamos algodão desde sempre. Durante quase 20 anos precisamos parar, mas agora, com novas tecnologias, acompanhamento técnico e parceiros, voltei a produzir”.
Retomada
A produção de algodão nessas regiões enfrentou um colapso nos anos 1990, com a ação de pragas e doenças, principalmente o Bicudo do Algodoeiro. Com a chegada do Proalminas, no entanto, vieram tecnologias que permitiram um verdadeiro ‘renascimento’ da atividade.
De acordo com a Fundação João Pinheiro, entre 2011 e 2020, mesmo com a redução de quase 70% da área plantada, o rendimento médio das lavouras aumentou em 500%.
“Estamos retomando a produção algodoeira no Norte de Minas, que tem vocação com esse cultivo. A Secretaria de Agricultura, por meio do Proalminas, investe e incentiva o produtor que gera emprego e renda", reforça o secretário de Agricultura Thales Fernandes.
E justamente para alavancar ainda mais a produtividade do algodão na região, está em fase final de testes o Ceditac. Com investimento de R$ 2,4 milhões do Fundo Algominas, do Proalminas, o espaço conta com equipamentos modernos para armazenamento, descaroçamento e prensagem. Tem ainda salas para atender às demandas dos produtores e receber missões internacionais.
No auge da atividade, terá capacidade de processar quatro fardos de 200 quilos de algodão por hora, com capacidade para receber a produção de uma área de aproximadamente 800 hectares.
Feliciano Nogueira, superintendente de Inovação e Economia Agropecuária e coordenador do Proalminas, reitera que “o Ceditac vai ser um divisor de águas principalmente para a agricultura familiar e o pequeno produtor. Vai ampliar a produção e a geração de renda para essas famílias e, consequentemente, para toda a região”.
Crescimento
No mesmo ano em que o Brasil ultrapassa os Estados Unidos e se torna o maior produtor mundial de algodão, o estado prevê produção recorde: 190,2 mil toneladas de algodão em caroço e 78 mil toneladas em pluma na safra 2024/2025, segundo dados da Conab.
Mais do que quantidade, o estado se destaca pela qualidade da fibra, com desempenho acima da média nacional em comprimento, finura e resistência. Essas características são fundamentais para a competitividade no mercado têxtil.
Entre 2019 e 2024, o Governo de Minas investiu R$ 12,8 milhões na cadeia produtiva por meio do Proalminas e do Fundo Algominas. Os recursos são aplicados em pesquisa, eventos técnicos, capacitação, controle de pragas e no estímulo à adoção de boas práticas agrícolas.