Jovens egressos do Sistema Socioeducativo arrumam emprego após cursos profissionalizante das unidades

Três adolescentes que cumpriram medida em casas de semiliberdade conquistam emprego na área após formação em Casqueamento e Ferrageamento de Equinos

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Três adolescentes, que anteriormente estavam sob a aplicação de medidas socioeducativas em casas de semiliberdade de Juiz de Fora e Muriaé, na Zona da Mata, conseguiram emprego após concluírem o curso profissionalizante de Casqueamento e Ferrageamento de Equinos, oferecido pelas unidades. 

O curso envolve cuidados essenciais com os cascos dos animais: aparar, ajustar e fixar as ferraduras, além de técnicas de doma e de montaria, habilidades essenciais para a saúde e o bem-estar dos cavalos. Cada turma iniciada é constituída por um grupo de aproximadamente 12 integrantes. O curso ocorre em encontros mensais de 8h, normalmente aos domingos, em um rancho instalado na entrada do município de Juiz de Fora. 

Nove jovens da Casa de Semiliberdade de Muriaé já participaram da capacitação e dois deles foram contratados. O interesse é tamanho que os jovens em cumprimento de medida em Muriaé chegam a enfrentar 3h de viagem para frequentar o curso, aplicado em Juiz de fora. O terceiro contratado cumpriu medida na Casa de Semiliberdade Betânia, em Juiz de Fora, que, atualmente, conta com três participantes.   

“Procuramos desenvolver essas atividades focadas nos interesses desses adolescentes e na realidade do mercado de trabalho da localidade onde eles irão residir após a medida”, reforçou Alexandre Correa Rocha, coordenador do Polo de Evolução de Medidas Socioeducativas (Pemse), que executa a medida socioeducativa do Estado, em parceria com a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp)

Casqueamento e Ferrageamento 

Ricardo Carneiro*, de 18 anos, que cumpre medida socioeducativa na Casa de Semiliberdade Caminheiros de Jesus, em Juiz de Fora, está no quinto encontro do curso de casqueamento e ferrageamento. Ele explica que já trabalhou no trato de equinos e, com o treinamento, tem a oportunidade de relembrar e adquirir novos aprendizados, como as técnicas de doma. 

“Eu ajudava o meu tio em um haras: limpávamos as baias, tratávamos dos cavalos e cavalgávamos. Como eu era mais novo, nunca havia feito a doma. Depois que ele faleceu em um acidente de carro, não continuei. Infelizmente, entrei para a vida errada. Quando eu for desligado da medida, quero arrumar um trabalho e seguir por outro caminho”, compartilhou o jovem. 

Maria Isabel Carvalho é uma das instrutoras do curso. Ela ministra aulas de equitação há mais de dez anos e revela que gosta de ensinar aos adolescentes a autoconfiança, a responsabilidade e o comprometimento. “É uma oportunidade de trabalho. Esse mercado hoje está em ascensão e a mão de obra é escassa. É uma oportunidade de empregabilidade para os jovens que se interessam e gostam de lidar com os animais”. 

A diretora da Casa de Semiliberdade Caminheiros de Jesus, Christina Borges, concorda que, além da qualificação profissional, o cavalo traz outros ganhos para os adolescentes, colaborando até em um processo terapêutico. Ela diz que a escolha dos cursos levou em conta o interesse apresentado pelos jovens e a demanda de mercado da região. “Trabalhamos com adolescentes do interior. Buscamos adaptar as capacitações para a realidade deles. Há muita demanda para trabalho com equinos e faltam profissionais qualificados, além de ser prazeroso”, destacou a diretora. 

Sejusp / Divulgação 

Fotografia 

Além do curso de Casqueamento e Ferrageamento de Equinos, os adolescentes também têm a oportunidade de participar de um curso de fotografia oferecido na cidade de Juiz de Fora. A arte da fotografia despertou neles uma paixão pela expressão criativa e pela documentação visual. Com as técnicas aprendidas, eles agora são capazes de capturar momentos preciosos e transmitir histórias por meio de imagens. 

Junto às técnicas fotográficas, os jovens também estão conhecendo softwares e práticas de edição. “É um aprendizado novo, pode ser até uma profissão, e distrai a mente. Decorar as funcionalidades da câmera é minha maior dificuldade, mas os trabalhos de fotografia em campo ajudam bastante”, dividiu o adolescente Caio Amorim*. A diretora da Casa de Semiliberdade Betânia, em Juiz de Fora, Aieska Cunha, afirma que os cursos possibilitam a inserção no mercado de trabalho e desenvolvem habilidades que, “mesmo não utilizadas no ambiente do trabalho, podem ser utilizadas no dia a dia”. 



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