Jovens infratores encontram caminho profissional na jardinagem

Em Uberlândia, iniciativa com participação do Estado também prepara jovens para atividade de horticultura

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Adolescentes que cumprem medida no Centro Socioeducativo de Uberlândia, na região do Triângulo, recebem orientação e desenvolvimento profissional na oficina de horticultura e jardinagem. Juntamente com o Ministério Público, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) é parceira da unidade para reforçar o trabalho de profissionalização de 30 jovens infratores.

Crédito: Divulgação/Sesp

“A parceria fortalece as ações de capacitação que temos desenvolvido com os jovens, permitindo que eles possam vislumbrar um futuro melhor”, avalia o diretor-geral do centro socioeducativo, Gilson Rodrigues.

Para aprimorar a capacitação dos adolescentes no cuidado e manutenção de hortas e jardins, a unidade, com o suporte dos parceiros, adquiriu equipamentos mais novos para a utilização na oficina: podador de cerca viva, uma roçadeira e um cortador de grama.

Os materiais foram selecionados pela equipe técnica do centro socioeducativo. Já a compra foi feita com recursos de compensação ambiental, por meio da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Uberlândia. Os valores foram arrecadados a partir de termo de ajustamento de conduta de pessoas que cometeram infrações, como invasões de reservas legais e desmatamento de árvores.

“Além de a oficina ter ligação com o meio ambiente, ensinar técnicas de jardinagem é um mecanismo importante para transformar a vida do adolescente que transgrediu a lei. Estamos dispostos a fortalecer este projeto, conforme as demandas apresentadas”, observa o promotor Breno Lintz.

Crédito: Divulgação/Sesp

A promotora da Infância e Juventude de Uberlândia, Aluísia Ribeiro, foi quem intermediou a liberação da verba junto à Promotoria de Defesa do Meio Ambiente para aquisição dos equipamentos. “Através desses recursos, mesmo sendo de outras áreas, conseguimos o envolvimento dos adolescentes em uma atividade que, além de ser prazerosa, possibilita que os jovens consigam aplicá-la quando terminarem de cumprir a medida”, destaca a promotora.

Durante as oficinas, ministradas na horta da unidade – que tem aproximadamente 700 metros quadrados – e nas áreas verdes do Centro Socioeducativo, os jovens usam equipamentos de segurança (EPI) para proteger mãos, pés, olhos e outras partes. Quem ensina as técnicas de cultivo de hortaliças, irrigação, podagem e adubação é Moacir Pereira, agente socioeducativo que tem qualificação formal e experiência na área. Ele conta que o recebimento do material ajudou na profissionalização dos jovens. “Para quem pretende trabalhar no ramo, o contato com esses itens é um grande diferencial”, detalha. 

Um dos participantes da oficina de jardinagem e horticultura na unidade, Pablo Siqueira*, de 17 anos, conta que teve facilidade para aprender e vislumbra um futuro no ramo. “Não sabia que tinha este talento. Quando eu sair, posso até trabalhar com isso”, planeja.

Trabalho que cresce

O trabalho da oficina que, hoje, é de horticultura e jardinagem no Centro Socioeducativo de Uberlândia começou ainda em 2016, de forma tímida. Nos primeiros meses, eram apenas dois adolescentes, ensinados por agentes socioeducativos a plantar mudas de coqueiros. Após ver o trabalho dos colegas, outros garotos demonstraram interesse e, assim, as aulas foram sendo ampliadas.

*Nome fictício para preservar a identidade do adolescente, conforme diretriz do ECA



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