Minas é o estado do Sudeste que mais vacinou contra a pólio

Uberlândia impulsionou os índices com 86% do público-alvo vacinado; imunização contra a paralisia infantil segue disponível nos postos de saúde

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Fábio Marchetto / SES-MG

Mesmo sem alcançar a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, de 95%, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) encerrou a Campanha da Vacinação contra Poliomielite com cobertura acima de 80% do público-alvo e, por conta disso, em situação melhor que todos os outros estados da região Sudeste. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, impulsionou os índices com 86% de vacinados. Na sequência, aparecem as regiões Oeste (80%), Zona da Mata (72,05%) e a região de abrangência de Belo Horizonte (72%).

Entre 8/8 e 24/10, em Minas Gerais foram imunizadas 853 mil crianças com idade entre 1 e 4 anos,  totalizando 81,64% do público estimado (dados extraídos até 25/10). Como as informações podem ser registradas até o último dia deste mês (31/10), os dados estão sujeitos a revisão e alterações.

Na região Central, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Belo Horizonte, formada por 39 municípios e alcance superior a 5 milhões de habitantes, conseguiu vacinar 72% do público-alvo. Foram 207.953 crianças de até cinco anos vacinadas contra a poliomielite, de um total de 287.324 estimadas.

Procura

Mesmo sem atingir os índices, a procura pela vacina aumentou em relação a 2021, que amargou índice de 67,42%. Os esforços da Saúde para aumentar a cobertura surtiram efeitos, mas não suficientes para alcançar a meta estabelecida até a data da reportagem. A faixa etária de crianças maiores de um ano e menores de dois anos foi a com menor procura pelos pais e responsáveis, apresentando 67,5% de vacinados, segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).

Na tentativa de reverter os índices preocupantes, postos de saúde mantém vacinas disponíveis para pais que desejam imunizar seus filhos. “O benefício da vacina vai além da proteção só desta criança, é importante para a imunidade coletiva e impede a transmissão do vírus a outras pessoas, o que reduz a circulação do vírus na comunidade”, explicou a referência de imunização da SRS Belo Horizonte, Camila Freitas.

Juiz de Fora

Na Zona da Mata, a Superintendência  Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora obteve 72,05% da cobertura vacinal do público-alvo - crianças na faixa etária de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias. 

"Nos mobilizamos, nos envolvemos com as equipes de saúde dos municípios, fomos nas escolas, fizemos vacinação móvel, mas é preciso avançar mais. É importante destacar nesse momento que a vacina continua disponível na rotina das Unidades Básicas de Saúde”, lembra Renan Guimarães de Oliveira, superintendente da Regional de Juiz de Fora. Dos 37 municípios da SRS Juiz de Fora, 21 conseguiram atingir a meta de 95% de cobertura vacinal.

Campeã

No Triângulo Mineiro, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, por meio de busca ativa e parceria com as escolas, alcançou cobertura regional em 86%, sendo que 14 municípios cumpriram a meta de 95%. Mesmo com números favoráveis, a cidade de Uberlândia comunicou que continua vacinando as crianças contra a pólio até 31/10, quando termina o prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde para o lançamento dos dados no sistema.

Divinópolis

De acordo com a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, dos 54 municípios da Macrorregião Oeste, 16 atingiram a meta de 95%. A cobertura de imunização das crianças de um a quatro anos da região está em 80%. Ou seja, das mais de 61 mil crianças previstas para a campanha de poliomielite deste ano, quase 49 mil estão com esquema vacinal em dia. 

A intérprete de língua de sinais Denise Gambôa, mãe de Sofia, 6 anos, e Gael, 2, aproveitou a campanha e as ações desenvolvidas pelo município de Divinópolis para atualizar o cartão de vacina dos dois filhos. “Ao chegar ao local e na hora da vacinação a enfermeira constatou que o cartão do mais novo estava desatualizado. Na hora atualizaram e explicaram o que estava errado, orientando o que eu deveria fazer posteriormente, procurando o meu posto de saúde. Fiquei feliz com o acolhimento e com a explicação do que eu devia fazer para manter o cartão de vacina em dia”, frisa.

Referência de imunização da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, Eliane Peixoto explica que as baixas coberturas vacinais do Brasil e do intenso fluxo migratório que ocorre atualmente no mundo possibilitam o risco iminente de reintrodução do vírus selvagem da poliomielite no país e, até mesmo, de uma nova epidemia da enfermidade.

“Temos que lembrar que ainda há dois países no mundo com circulação ativa do vírus da poliomielite. Se ele chegar ao nosso país novamente poderá facilmente ser transmitido caso encontre uma população suscetível para a doença, ou seja, não vacinada ou com esquema incompleto”, alerta.

Nesse contexto, Ailton Geraldo de Souza, 55, servidor da SRS de Belo Horizonte, relata a própria experiência com a doença. “Tive pólio com pouco mais de um ano. Os pais e responsáveis devem se conscientizar sobre a importância da vacinação. As sequelas da pólio são para toda a vida e afetam o cotidiano. Coisas simples podem ser empecilhos: jogar futebol, transitar sem problemas, entre outras”, afirma.

BH

Durante 78 dias, mais de 853 mil crianças com idade entre 1 e 4 anos foram imunizadas contra a poliomielite em Minas Gerais, totalizando 81,64% do público estimado. A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite foi iniciada em 8/8 e, por não atingir a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, de 95%, foi prorrogada até 24/10.



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