Mulheres vítimas de violência doméstica concluem cursos profissionalizantes do Projeto TransformAção  

Iniciativa prepara para o mercado de trabalho, como forma de contribuir para geração de renda e independência financeira das participantes

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Noventa mulheres que já foram vítimas de violência doméstica agora contam com uma profissão e um novo caminho pela frente. Elas foram capacitadas por meio do projeto TransformAção e estão prontas para atuar como cabeleireiras, maquiadoras, cozinheiras, costureiras e assistentes administrativas.

A formatura, nessa quarta-feira (1/9), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, deu nova perspectiva às mulheres atendidas pelo Programa Mediação de Conflitos (PMC), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), agora donas de suas vidas e com possibilidade de serem independentes financeiramente.

Projeto

Desenvolvido pela Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade, da Sejusp, e financiado pela Embaixada dos Estados Unidos, o TransformAção propõe a capacitação de mulheres vítimas de violência doméstica para uma nova profissão, que possibilite geração de renda e contribua para o rompimento do ciclo da violência. 

Cinco cursos de temáticas distintas, de fácil empregabilidade e empreendedorismo, foram disponibilizados para essas 90 mulheres, com carga horária de 44 horas. A escolha das capacitações foi feita pelas próprias participantes, que se interessaram pelas atividades relacionadas a assistência administrativa, costura criativa, culinária (focada em pizzas, salgados e lanches), maquiagem e cabeleireiro.
 
Para o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, a iniciativa mostra o quanto a educação é importante para mudar trajetórias. “Só a educação é transformadora. Não há liberdade sem educação. Vocês são guerreiras. São mulheres que passaram por situações difíceis e complexas. Esta oportunidade que vocês tiveram representam uma janela de luz a iluminar a vida de vocês. Foram capacitadas e criarão uma rede que vai se multiplicar e gerar benefícios para todas que se engajaram nestas redes”, disse Brant, na formatura.
 
Embaixada Americana
 
O valor recebido da embaixada foi de 22.470 mil dólares (cerca de R$ 125 mil reais). Além de custear as aulas da capacitação, o projeto também forneceu vale transporte e alimentação para as mulheres participantes. Para aquelas que tinham filhos e não tinham com quem deixar as crianças, havia um espaço com cuidadora para os pequenos em uma sala ao lado de onde as mulheres se capacitavam. Outro benefício concedido às participantes é um vale compras no valor de R$ 125 para que elas possam investir e iniciar sua vida profissional, comprando materiais e equipamentos de acordo com o curso realizado.
 
A embaixada e o consulado dos EUA  buscam realizar e apoiar projetos e trabalhos com valores e interesses compartilhados entre os dois países e que geram impacto positivo na sociedade.

“Estados Unidos e Brasil compartilham do compromisso de remover barreiras às oportunidades econômicas para grupos marginalizados, incluídos mulheres e meninas. Ficamos contentes em apoiar e trabalhar juntamente com o Governo de Minas na capacitação desse grupo de mulheres. Esperamos que, ao oferecer esse acesso a cursos profissionalizantes, também estejamos auxiliando na criação de novas oportunidades na vida dessas mulheres”, disse o encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff.
 
Novo começo
 
O curso também proporcionou às mulheres aulas de disciplina humana e educação financeira, com o objetivo de incentivar autoconhecimento, autoestima e, ainda, informá-las sobre seus direitos. Fizeram parte da grade curricular temáticas como Direito das Mulheres e Comunicação Não-Violenta; Ensinando Mulheres sobre a Vida Profissional; A Importância de Ser Feliz com Você Mesma (Saúde e Autoestima) e Ensinando Mulheres sobre Educação Financeira. 
 
A subsecretária de Prevenção à Criminalidade, Andreza Rafaela Meneghin, explica a importância do curso para a trajetória das mulheres e ressalta o compromisso da Sejusp em trabalhar cada vez mais para combater qualquer tipo de violência contra a mulher.
 
“Nos mais de 130 mil atendimentos que realizamos anualmente, as mulheres são e continuarão sendo uma das nossas principais prioridades. A política de prevenção à criminalidade continuará atuando e de portas abertas para cada mulher aqui presente, e todas que necessitem da nossa equipe. Ao Governo de Minas e às instituições aqui presentes, nosso orgulho em fazer parte de uma gestão que prioriza as ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Acreditamos que é possível fazer mais, e faremos”, ressaltou a subsecretária.

As mulheres participantes são moradoras de comunidades carentes de Belo Horizonte como Serra, Santa Lúcia, Cabana, Morro das Pedras, Pedreira Prado Lopes, Taquaril, Jardim Felicidade, Ribeiro de Abreu, Jardim Leblon, Vila Cemig e Vila Pinho.
 
“Sou atendida pelo PMC desde 2007, por meio dos atendimentos foi que percebi que vivia uma situação de violência doméstica e consegui superar. Eu quero que vocês acreditem em vocês. Funciona, dá certo. Tudo que eu me tornei foi porque eu achei a porta do Mediação de Conflitos aberta. Eu tenho dez marcas no meu corpo de facas, mas eu não me estacionei. Agarrei todas as oportunidades que me foram dadas. Foram vários os desafios que enfrentamos para fazer o curso. Mas o mais importante do curso não foi a capacitação, e sim, conhecer outras mulheres e outras histórias e fortalecer ainda mais esta luta”, discursou a oradora e formanda, Simone Maria da Penha Oliveira.



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