Políticas públicas voltadas à alimentação melhoram a vida de estudantes e famílias de Capelinha

Programas colaboram para impulsionar a agricultura familiar, que já representa 25% do PIB do município

  • ícone de compartilhamento

Emater / Divulgação

O dia de entrega de produtos é de muita movimentação no Banco de Alimentos de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha. Por lá, passam dezenas de agricultores familiares que levam verduras, legumes e frutas colhidos em suas hortas. Em seguida, esses alimentos, ainda frescos, vão enriquecer o prato de centenas de famílias em situação de vulnerabilidade social do município.

Os beneficiados são agricultores e famílias que participam do Programa Alimenta Brasil (PAB), antes chamado de PAA - Programa de Aquisição de Alimentos.

O programa consiste na compra direta, pelo Estado, de alimentos produzidos por esses agricultores e posterior destinação a famílias em situação de insegurança alimentar e ainda para instituições socioassistenciais, escolas públicas, unidades de saúde e de internação socioeducativas e prisionais, entre outras.

Distribuição

No Banco de Alimentos, em Capelinha, os produtores trazem itens para serem pesados e depois divididos em cestas verdes. Assim que o produtor faz a entrega, o volume é registrado no sistema e poucos dias depois ele recebe o pagamento por meio do cartão do programa.

A ação é motivo de alegria e melhoria de qualidade de vida de muitos agricultores, como Vicentina da Silva. Segundo ela, depois que passou a entregar seus produtos para o PAB conseguiu comprar moto, congelador e já está ajuntando dinheiro para ampliar sua cozinha. “Esse programa é muito importante pra mim”, comenta.

As cestas são distribuídas para famílias cadastradas pelo Centro de Referência de Assistência Social do município (Cras).

Segundo a secretária de Assistência Social de Capelinha, Helene de Cássia de Almeida Ferreira, as cestas verdes são um complemento importante na alimentação de muitas famílias, especialmente aquelas com crianças em fase de desenvolvimento. “A cesta contempla alimentos com variedades de vitaminas, como frutas e verduras. São alimentos que vão ajudar no desenvolvimento intelectual, no desempenho escolar e no vigor físico das crianças e de toda família. Então, a assistência social está olhando para todos esses ângulos do desenvolvimento e da dignidade do ser humano”, reforça.

Assistência técnica

Emater / Divulgação

Atualmente, em Capelinha, cem famílias de agricultores familiares vendem produtos via PAB e mais de 850 famílias, registradas no Cadastro Único (CadÚnico), recebem as cestas verdes.

A Emater-MG é uma das instituições que colaboram para o desenvolvimento da política pública, prestando assistência técnica aos produtores rurais, para que possam qualificar cada vez mais sua produção, e fazendo a articulação para que tenham acesso aos recursos do programa.

“O PAB é uma das principais políticas públicas que nós, da Emater, em parceria com os municípios e governos estadual e federal, temos trabalhado. Ele tem salvado muitas vidas, principalmente por sua importância social e comercial para a agricultura familiar e para as famílias em vulnerabilidade social, que recebem os alimentos. Aqui na Regional de Capelinha, 15 municípios estão envolvidos e, este ano, a previsão é a de movimentar cerca R$ 1 milhão pelo programa, na compra de produtos da agricultura familiar”, conta o gerente regional de Capelinha, Valmar Gonçalves.

Alimentação escolar

Outra política pública que fomenta a agricultura familiar do município, ao mesmo tempo que garante alimentos saudáveis para população, é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Nele, produtores fornecem alimentos diretamente para as escolas, enriquecendo a merenda dos estudantes.

“Antes, a merenda não tinha tanta verdura, não era muito balanceada, com o Pnae mudou bastante. Tem maior quantidade de verduras, frutas. Eu, que estou no ensino médio, tenho acesso a um segundo lanche no sexto horário. A gente recebe frutas como laranja ou banana, e é tudo muito bom. A fila da merenda é enorme porque a comida é uma delícia”, conta a estudante Ana Caroline, da Escola Estadual Professora Rosarinha Pimentinha.

Eliana dos Santos Leite é cantineira na mesma escola e prepara a merenda com satisfação para os alunos. “A gente faz a comida com muito carinho, com os produtos da agricultura familiar. Isso torna a alimentação muito saudável. Muitos alunos não têm uma alimentação assim em casa”, comenta.

A Emater-MG também presta assistência técnica aos produtores para que sejam inseridos no Pnae. Atualmente, 60 famílias agricultoras do município são beneficiadas. Os recursos do Pnae colaboram para o desenvolvimento da agricultura familiar, que hoje já responde por cerca de 25% do PIB de Capelinha.

Para estimular as escolas a darem preferência aos produtos da agricultura familiar, a Emater-MG também conecta produtores e diretores.

Engajamento

“Em Capelinha, temos uma comissão que envolve agricultura familiar, escolas estaduais, secretaria de educação, sindicatos, CDMRS. Por meio dele procuramos organizar visitas às propriedades rurais, para que as escolas conheçam como o alimento é produzido, como é a vida deste agricultor e as dificuldades que ele enfrenta. O Pnae exige produtos de qualidade, o preço pago aos produtores é muito bom, mas é importante essa compreensão por parte das escolas para manutenção da política pública”, relata a técnica de bem-estar social da Emater, Dulce Maria Silva Arante.

Para a agricultora familiar Maria Divina Mendes a conexão com as escolas e o banco de alimentos foi a garantia de venda da colheita, a preços justos.

“A gente plantava a horta e desperdiçava muita coisa, a gente não tinha pra onde vender os produtos. Até que nos falaram para vender para as escolas e para o PAB. A partir daí começamos a plantar mais, fizemos outra horta nova e, graças a Deus, tem muita fartura. É muito bom, ajuda muito a gente e muitas famílias carentes”, finaliza.



Últimas