Projeto apoiado pela Fapemig monitora acidentes com animais selvagens nas estradas brasileiras

Registro e unificação de dados do aplicativo 'Sistema Urubu' poderá basear futuramente ações e políticas públicas para redução de atropelamentos e conservação das espécies

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Segundo estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), 475 milhões de animais selvagens são atropelados nas estradas brasileiras a cada ano. São cerca de 15 animais mortos por segundo. É para ajudar neste cenário que foi criado o aplicativo “Sistema Urubu”, desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (Ufla). A ferramenta permite que usuários de todo o Brasil registrem estes atropelamentos, contribuindo com o monitoramento destes números. O projeto foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) por meio da Chamada Universal 01/2017.

O registro e unificação desses dados poderá, futuramente, servir de base para ações e políticas públicas de redução destes acidentes e consequentemente a conservação dessas espécies.

Em ação

O Sistema Urubu funciona como uma rede social de conservação da fauna brasileira. Ao instalar o aplicativo em seu celular, qualquer pessoa que testemunhar o atropelamento ou a presença de animais silvestres nas proximidades de uma estrada pode contribuir com o seu registro.  Ao enviar as fotos para o sistema, a qualidade das imagens e casos de duplicidade são avaliados.

As imagens são enviadas para três “validadores”.  Estes usuários voluntários são responsáveis por identificar as espécies fotografadas. Para ser um validador, é necessário ter conhecimento científico em uma das quatro classes de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Pesquisadores e estudantes de graduação ou pós-graduação podem se voluntariar, basta que sua inscrição seja aprovada pela equipe do Sistema Urubu.

Para o coordenador do projeto, Alex Bager, do Departamento de Ecologia e Conservação da Ufla, seria impossível ter equipes ou pessoas coletando os dados espalhadas pelo Brasil inteiro. “O sistema é inovador porque se utiliza da famosa ciência cidadã para se obter informações em todo território brasileiro”, explica. “Ele trouxe a possibilidade de agregar uma grande quantidade de bases de dados e informação em um único lugar", destaca.

O aplicativo está disponível na App Store e também na Google Play. Após o desenvolvimento na Ufla, passou a ser trabalhado, desde 2020, pela startup Enviroment Inteligência de Negócios e Tecnologia fundada por Bager e incubada na universidade federal.

A versão atualizada é mais interativa, mas o conceito é o mesmo. Agora é possível, por exemplo, enviar até quatro fotos para avaliação, contra apenas uma da antiga versão. Além disso, é possível também registrar o atropelamento de animais domésticos. O aplicativo ainda foi “gamificado”, ou seja, ganhou características de um jogo de vídeo game. Quando um usuário tem sua primeira foto aprovada, ele recebe o status de Baby Bu e, a medida que vai alcançando os demais objetivos do jogo, pode alcançar status maiores até tornar-se o Urubu Rei.

Dia Nacional de Urubuzar

Nos dias 12 e 13/11, o projeto coordenará uma ação nacional de sensibilização sobre o impacto das vias e rodovias sobre a conservação da vida silvestre. Nestas datas acontecerão eventos realizados por times em todo o Brasil coordenados pela equipe do Sistema Urubu. Só no ano passado, foram formados 57 times, em 16 estados e 42 cidades diferentes.

Cada grupo fica livre para definir como será feita a sua ação bem como definir o público que se pretende conscientizar. Para isso, recebem uma capacitação para compreender o impacto da sua ação e a melhor maneira de divulgá-la. “Nós trabalhamos gerando uma rede de discussão para que cada um possa compartilhar essas experiências e que possa ser levado a diferentes lugares do Brasil”, explica Alex.

Ao se cadastrar, uma pessoa pode inscrever seu time ou associar-se a um da sua região recebendo da equipe do Sistema Urubu materiais de divulgação como folders, banners e adesivos. Segundo Alex, o objetivo neste ano é formar no mínimo 70 times espalhados em todo Brasil.
 



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