Ressocialização é destaque em ações desenvolvidas no Presídio de Oliveira

Mais da metade de presos da unidade está envolvida em parcerias de trabalho, estudo, capacitações e outras atividades

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O Presídio Doutor Nelson Pires, localizado em Oliveira, Centro-Oeste de Minas, realiza uma série de ações visando a ressocialização dos detentos. A unidade, que possui capacidade para 114 detentos, tem mais da metade deles envolvidos em parcerias de trabalho, estudos, capacitações ou outros projetos de ressocialização. No momento, são 74 em alguma atividade fixa.

Oito detentos da ala LGBTQIA+ participam do curso de Eletricista Predial. Com carga horária de 40 horas semanais, o treinamento teve início em 12/7 e termina em 5/10. Aliando teoria e prática, eles aprendem a identificar os tipos de circuitos, parâmetros elétricos, realizar manutenções elétricas residenciais, análise técnica, normas regulamentadoras e utilização de equipamentos de segurança. Além de aprenderem, ainda, noções de marketing para poderem divulgar o trabalho após deixarem a prisão. 

As aulas acontecem na própria unidade todas as quintas-feiras, no turno da tarde. O treinamento é fruto de uma parceria entre o presídio e um parceiro de assistência religiosa. Após a conclusão, os presos receberão certificados e estarão aptos a trabalhar na área.

“As ações educacionais e de trabalho são fundamentais para a ressocialização dos custodiados. As atividades contribuem para a transformação do indivíduo, levando-o ao campo das reflexões e da transformação dos seus valores e comportamentos. Nosso objetivo é ampliar cada vez mais as ofertas de projetos e trabalhos que promovam o retorno ao convívio em sociedade”, explica Tiago de Souza, diretor do presídio.

Na unidade prisional funciona também uma fábrica de blocos, resultado de uma parceria com a empresa BRL Pré-Moldados. Cinco detentos trabalham no local, que funciona desde março desse ano. Por dia, são fabricados aproximadamente 900 blocos número 15 ou 450 número 20. Pelos trabalhos, os presos recebem três quartos do salário mínimo vigente, além de remição da sentença, em que a cada três dias de trabalho um é diminuído da pena.
 

Sejusp / Divulgação

Somado a isto, a horta da unidade está em pleno funcionamento. Couve, alface, beterraba, cenoura, almeirão, cebolinha, salsa e brócolis são cultivados diariamente por cinco detentos. Toda a produção é doada a entidades públicas e sociais do município, devidamente cadastradas para o recebimento. Cerca de 500 quilos de hortaliças são produzidos e colhidos por mês.

Célio Alberto da Silva, 53 anos, é um dos presos que cuidam da horta. Ele já realiza o trabalho há dois anos e conta como é gratificante. “O que a gente aprende aqui vai poder levar para quando estiver lá fora; é uma oportunidade de trabalho. Todo dia aprendemos a plantar uma muda diferente, vamos aprendendo no dia a dia. Além de fazermos o bem doando o que produzimos”, afirma.

Na escola Estadual São João Batista, que funciona dentro da unidade, sete presos estão matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Já no projeto de remição pela leitura, os custodiados recebem mensalmente obras literárias para produzirem uma resenha. O material é analisado e encaminhado ao Poder Judiciário e servirá, após análise, para remir a pena. Ao todo, 41 detentos participam do projeto.  Além disso, 54 detentos da unidade participarão das provas do Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) que irão ocorrer no segundo semestre deste ano.

Outras ações 

Nos meses de agosto e setembro, foi realizada a pintura das áreas externa e interna do presídio, além da revitalização de toda a fachada. Quatro detentos trabalharam nas melhorias, que tiveram o investimento de R$ 6 mil advindos de recursos do próprio presídio. Pelos trabalhos eles receberam remição da pena.

Além disso, oito custodiados trabalham voluntariamente durante oito horas diárias, de segunda a sexta-feira, em uma parceria com a Prefeitura Municipal de Oliveira nos serviços de capina e manutenção das vias públicas.

O esporte e o lazer também estão em foco na unidade. No mês de setembro ocorreu o campeonato de pingue-pongue. Participaram 11 detentos. Em outubro, acontece o campeonato de dama, no qual 48 presos estão inscritos.

“Adorei participar do campeonato de pingue-pongue. Foi uma bela oportunidade para nos sentirmos mais acolhidos e até para nos preparar para quando deixarmos a unidade. É uma forma de entretenimento que resulta na ressocialização”, finaliza a detenta Letícia Sena Santos, de 30 anos.



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