Covid-19, pesquisa e inovação são temas de Fórum Científico da Fhemig
“Na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a produção científica foi intensificada para buscar alternativas terapêuticas e desenvolver boas práticas vivenciadas na assistência aos casos de covid-19”, destacou a presidente da instituição, Renata Ferreira Leles Dias.
Com mais de uma centena de trabalhos inscritos, o 7º Fórum Científico da Fhemig, realizado nos dias 9 e 10/11, de forma virtual, simboliza, neste momento singular da saúde pública mundial, a capacidade da Fundação para apresentar soluções e respostas rápidas que dialogam diretamente com as necessidades da sociedade. E revelou a efetividade dos trabalhos desenvolvidos e a capacidade de produção dos servidores.
Exemplos foram citados pelo médico, pós-doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Paris VI/APHP e analista da Coordenação de Inovação e Pesquisa (CIP) da Fhemig, Flávio Diniz Capanema, que descreveu a vocação da instituição.
“Como a gente não faz pesquisas de bancada, a Fhemig tem por vocação ser um campo de teste para novas tecnologias. Ela surge nesse cenário de inovação com potencialidade para celebrar parcerias sólidas, tanto com as instituições públicas, quanto particulares. Hoje, o grande desafio é fazer esses arranjos tecnológicos. Nós temos grande potencial para isso”, avaliou.
Coautora de um estudo sobre os óbitos de internados por covid-19 nas unidades da Fhemig, a enfermeira, mestre em Cirurgia e Oftalmologia pela UFMG e assessora técnica da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, Fabiana Guerra Pimenta, compartilha da visão do colega de trabalho Ronaldo da Costa.
“O trabalho elaborado por nosso grupo surgiu a partir de uma demanda assistencial para conhecer as características dos atendimentos realizados nas unidades de referência no atendimento à covid-19. Foi possível conhecer o volume de atendimento e o perfil de pacientes e, junto com outras informações, auxiliar na elaboração de estratégias para a tomada de decisões neste período tão difícil”, esclarece a servidora.
Outras ações
Flávio citou convite para o biólogo, pesquisador em Saúde Pública do Centro de Pesquisa René Rachou - Fiocruz e pós-doutor em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Laval (Quebec – Canadá), Rubens Lima do Monte Neto, para desenvolver proposta de pesquisa.
O resultado foi o desenvolvimento de um dispositivo portátil e automatizado, originalmente pensado para o diagnóstico de arboviroses e leishmaniose, chamado do OmniLAMP. "Estávamos trabalhando na prova de conceito de um teste para a detecção de SARS-CoV-2 e o convite do Flávio nos fez ampliar horizontes, com a perspectiva de acesso a amostras clínicas. O projeto foi aprovado pela Fapemig e graças ao sucesso da parceria, hoje somos mais fortes”, resume Rubens do Monte Neto.
Maior produtora de pesquisa
Com 44 anos de história, a Fhemig sempre demonstrou vocação para desenvolver pesquisa científica. Em 2007, com a criação da antiga Gerência de Pesquisa, hoje está maior e denominada Gerência de Desempenho, Desenvolvimento, Inovação e Pesquisa (GDDIP), estabeleceu-se uma política para a área.
No ano seguinte, a criação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) tornou a Fhemig uma Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT), habilitada para participar de editais de pesquisa. “Com isso, em 2011, a Fhemig já era a instituição não acadêmica que mais produzia pesquisa em Minas Gerais”, ressalta Flávio Capanema.
Inovação
O bioquímico e doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Ronaldo Rodrigues da Costa, servidor do Hospital Regional João Penido (HRJP), em Juiz de Fora, é uma “espécie de ícone do desenvolvimento da pesquisa na Fhemig”, segundo Flávio Capanema.
Ronaldo da Costa participou do primeiro mestrado profissional criado pela Fhemig, em parceria com a Universidade de Montes Claros (Unimontes), para qualificar os servidores da Fundação. A partir daí, sua trajetória seguiu o percurso do investimento em pesquisa. No doutorado, criou um novo método de isolamento da bactéria da tuberculose, mais simples e rápido, que gerou um pedido de patente, publicação em revista internacional e o interesse de três grandes países.
A nova tecnologia desenvolvida por Ronaldo da Costa resultou da parceria entre UFJF, Embrapa, Fhemig e Funed. “Além de representar um produto da parceria dessas instituições, o trabalho apresenta um novo método de cultivo para diagnóstico da tuberculose, mais rápido, simples e barato, permitindo a ampliação do diagnóstico da doença, principalmente em laboratórios com poucos recursos financeiros e de infraestrutura. Países do Brics (agrupamento formado pelos cinco grandes países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também demonstraram interesse em expandir a testagem do método”, afirma o bioquímico.
Disseminação do conhecimento
Advogado, administrador, mestre em Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual, e coordenador do Núcleo de Inovação e Proteção ao Conhecimento da Fundação Ezequiel Dias (Nipac/Funed), Bruno Coelho Resende de Castro, participou pela primeira vez do evento.
Em sua estreia no fórum, o administrador apresentou uma proposta de gestão integrada entre os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICTs) que integram a administração pública estadual. “A gestão integrada dos NITs é uma forma diferenciada de gerir a inovação e pode trazer grandes resultados para o estado”, acredita Bruno de Castro.
Reconhecimento
O fórum científico tem também a tradição de homenagear um profissional, que se destaca no cenário nacional em razão do conjunto da sua obra. Na edição deste ano, o homenageado foi o médico, doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e servidor dedicado à pesquisa científica, Roberto Ladeira Marini.
Segundo ele, o primeiro passo para que o número de servidores que se dedicam à pesquisa possa crescer nos próximos anos é o reconhecimento de que as atividades de ensino e pesquisa são tão relevantes quanto a atividade assistencial.