Feira livre on-line inovou comércio da agricultura familiar em Capitólio, no Sul de Minas

  • ícone de compartilhamento

Passado o momento mais crítico da pandemia da covid-19, uma das duas feiras livres de Capitólio começa a normalizar a comercialização presencial de produtos da agricultura familiar do município, do Sul do estado. A feira de terça-feira, mais voltada para a venda de alimentos da gastronomia local, retornou em outubro, no horário das 18h às 22h.

Nesta feira, o consumidor pode encontrar desde macarrão na chapa, a pão de queijo com linguiça, feijão tropeiro e caldos, entre outras guloseimas. Já a feira de sábado, que vende gêneros básicos da agricultura, como verduras, frutas, legumes, mel, queijo e peixe, entre outros, continua funcionando, das 6h às 12h. No início da pandemia, essa feira chegou a ser suspensa por dois meses, mas foi aberta, após mudar para um espaço mais aberto.

As duas feiras seguem protocolos de segurança sanitária. Mas o que ficou da fase mais aguda do distanciamento social foi a experiência dos agricultores com a comercialização on-line. Até então, esse era um recurso inédito para escoar a produção rural e manter a renda. Isso foi possível graças à atuação da Emater-MG, empresa pública mineira, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A ação aconteceu a partir de um projeto intitulado “Feira Livre Inovando a Vida da Família Rural”, de autoria da equipe técnica do escritório local da Emater-MG, em Capitólio.

Inovação

Sabendo que os feirantes são na sua maioria agricultores familiares e que com o surgimento da pandemia eles perderiam um dos seus principais canais de comercialização, os técnicos locais da empresa propuseram a criação de grupos de WhatsApp.

O objetivo era fomentar o comércio via delivery, implantado no final de março de 2020.  O sistema funcionou assim: os feirantes foram colocados como administradores e cada um encarregou de convidar os potenciais clientes.  A Emater-MG definiu três etapas. Na primeira delas, elaborou o portfólio dos produtos comercializados por cada agricultor. Cada um tendo uma identidade visual, definindo produtos, preços, endereços e contatos dos feirantes.

A segunda fase foi a postagem nos grupos onde os clientes participavam, tendo a livre negociação entre as partes.  Na terceira fase, de acordo com os procedimentos recomendados pela Emater-MG e adotados com as autoridades sanitárias, partiu-se para as entregas dos produtos. Nessa atividade os feirantes adotaram todos os protocolos recomendados pelo Grupo Gestor Local da Covid-19.

A iniciativa beneficiou diretamente 14 agricultores familiares e toda a sociedade de Capitólio. Os resultados foram a manutenção da renda familiar dos produtores, fornecimento de alimentos saudáveis, com preços acessíveis na porta de casa do consumidor, melhor interação entre o público urbano e rural e assimilação dos agricultores das tecnologias de comercialização pelas mídias sociais.

Suporte

“A feira on-line foi uma inovação na vida do produtor rural, pois eles não tinham conhecimento e muito menos vivência. Mostramos a eles que isso era uma nova forma de comercializar. Nós reunimos e propusemos: vamos comercializar online, criar a página da feira livre e vocês fazem a entrega?”, explicou a técnica local da Emater-MG, Aparecida Beatriz da Silva.

A produtora de queijo Minas Frescal, Juliana Jovita Santos, foi uma das que aderiu às vendas por meio do grupo de WhatsApp.  Ela confirma que a nova maneira de comercializar foi a salvação para os feirantes, e que o atendimento da Emater-MG e a receptividade da população de Capitólio foram fundamentais na travessia da fase tão desafiadora.

“No início da pandemia todo mundo ficou um pouco perdido. Era uma situação nova e tudo foi sendo fechado. Então dos 100% que a gente vendia na feira, antes da pandemia, caiu para zero. Mas aí com a venda delivery conseguimos elevar para uns 50%. Já era melhor. Dava para tirar os custos da fazenda. Acho que quem superou essa situação da pandemia vive qualquer crise financeira na vida”, disse.

Segundo Juliana Santos, a ajuda da Emater-MG foi muito importante no período, assim como a união de todos.  “A técnica da Emater ajudou muito, além de uma moradora de Capitólio que tem conhecimento em logomarca. Foi assim que a gente pôde divulgar a nossa feira na internet. A população também apoiou a ideia. A gente tem que agradecer muito aos capitolenses porque eles abraçaram o projeto e nos ajudaram. Foi um trabalho em equipe. É como um ditado muito repetido na roça: andorinha sozinha não faz verão”.

Como outros agricultores familiares, ela comercializa seu produto nas feiras de sábado e de terça. Só na feira de sábado ela vende uma média de 20 quilos de queijo. “Nos feriados a gente vende mais um pouquinho”, explicou.

Prêmio MelhorInovaAção

A implantação de feira on-line em Capitólio, durante a fase mais crítica da pandemia da covid-19, foi uma das agraciadas pelo prêmio interno MelhorInovação de 2020. O concurso da Emater-MG elege os trabalhos desenvolvidos por seus funcionários que tenham obtido resultados relevantes para a empresa ou para seus clientes.