Igam publica caderno sobre monitoramento da qualidade da água no Rio Paraopeba
Os resultados de mais de mil coletas de amostras de água, 27,6 mil análises laboratoriais e 71 boletins sobre a qualidade da água do Rio Paraopeba estão reunidos em um caderno especial do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), publicado no dia 17 de abril. O material traz os dados de um ano de monitoramento após o rompimento da Barragem 1, da Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2019.
Entre as análises apontadas estão a oscilação nos parâmetros de qualidade e nível de turbidez da água do Rio Paraopeba com a interferência do período chuvoso de 2019/2020, que revolveu a pluma de rejeitos. De acordo com o caderno, o período mais crítico foi entre janeiro e abril de 2019, quando a concentração de ferro, manganês, alumínio e metais pesados, como chumbo e mercúrio, estava em valores bastante acima do permitido.
Maiores impactos
Os dados indicam que os maiores impactos sobre o Ribeirão Ferro-Carvão e o Rio Paraopeba ocorreram nos 60 dias subsequentes ao rompimento. O trecho compreendido entre os municípios de Brumadinho e São Joaquim de Bicas, de aproximadamente 40 quilômetros de extensão, ficou totalmente impactado, inviabilizando o uso da água para as mais diversas finalidades.
De abril a outubro de 2019 a qualidade da água na calha do Rio Paraopeba apresentou redução gradativa de turbidez e dos níveis de todos os metais avaliados. A exceção foi em resultados de manganês total e de alumínio dissolvido, entre os trechos a montante do rompimento até a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo. A redução do parâmetro de turbidez na água superficial está relacionada, segundo o estudo, ao período de estiagem, que favoreceu a deposição do rejeito.
Os níveis de turbidez ainda foram alterados novamente no último trimestre de 2019, entre outubro e dezembro, em função do início do período chuvoso. Foi verificado aumento na concentração de ferro, manganês, chumbo e turbidez acima dos limites estabelecidos. O resultado, aponta o caderno, já era esperado em função do revolvimento do material que ainda se encontra depositado no leito do rio, sobretudo na área mais próxima ao rompimento, em Brumadinho.
Situação atual
O monitoramento da qualidade da água feito pelo Igam ao longo da Bacia do Paraopeba é contínuo e os últimos resultados (de fevereiro de 2020 e não constantes no caderno especial) mostraram, em comparação ao mês anterior, uma redução nas concentrações de turbidez, ferro, manganês, alumínio e chumbo na maioria dos pontos avaliados. Os dados estão disponíveis neste link.
“O monitoramento intensivo se mostrou uma ferramenta de acompanhamento primordial, com repercussão para usuários, tanto no que diz respeito à regulação dos usos da água quanto à proteção à saúde pública”, destaca a gerente de Monitoramento de Qualidade das Águas do Igam, Katiane Brito. Ela ainda reforça que o acompanhamento é um aliado na construção de projetos para recuperar a bacia.
A diretora-geral do Igam, Marília Melo, explica que a Bacia do Paraopeba é um território estratégico para Minas Gerais, por estar situada no quadrilátero ferrífero com importante produção mineral e relevância econômica. Além disso, três reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte estão inseridos na bacia.
Monitoramento
Antes do rompimento da barragem, o monitoramento da qualidade da água na calha do Rio Paraopeba já era realizado pelo Igam, desde 1997, em oito pontos de coletas entre Brumadinho e Pompéu. Após o ocorrido, o trabalho foi intensificado e, nos primeiros 60 dias, a frequência passou a ser diária para as coletas de água superficial e semanal para sedimentos, no trecho entre Brumadinho e Felixlândia. Foram implantadas ainda mais nove estações de amostragem.
Atualmente, o Igam monitora, semanalmente, 16 pontos distribuídos ao longo do Rio Paraopeba. Os impactos são acompanhados ao longo de todo o rio até o corpo do reservatório de Três Marias. O programa pode ser revisto de acordo com a necessidade, assim como todas as ações para remoção dos rejeitos e recuperação da bacia pela Vale.