Igam publica relatório com balanço do período chuvoso 2019-2020

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Um relatório técnico produzido pelo Gerência de Monitoramento Hidrometeorológico e Eventos Críticos, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), aponta que, entre outubro de 2019 e março de 2020, cinco cidades mineiras ultrapassaram a quantidade de chuvas prevista para todo ano, conforme média histórica apurada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O documento, concluído em maio e disponível no site do Igam, apresenta a análise meteorológica sobre precipitação, alertas meteorológicos e casos de tempo severo ocorridos durante o período chuvoso 2019/2020, em Minas Gerais. 

De acordo com o relatório, Belo Horizonte, Florestal, Ibirité, Viçosa e Diamantina tiveram volume superior ao esperado para todo o ano. No caso da capital mineira, o maior registro se deu na Estação Cercadinho, na região-Centro-Sul, com 2.173,4 milímetros de chuva - índice que supera em 35% a média esperada para todo o ano. Cada milímetro equivale a um litro de água distribuído em uma área de metro quadrado. 

Em Florestal, na região Central, a precipitação chegou a 1.982,2 milímetros, enquanto a média anual é 1.393 milímetros. Já em Ibirité, na Grande BH, o volume registrado foi de 2.011 milímetros, também superando a média anual de 1.484.8 milímetros. Na Zona da Mata, o município de Viçosa teve o maior índice da região, 1.712 milímetros. Por fim, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, foram registrados 1.620 milímetros.

A situação foi um pouco diferente em municípios localizados ao Norte e ao Noroeste de Minas, que tiveram os menores volumes do estado: Buritis (347,6 milímetros), Almenara (473.6 milímetros), Águas Vermelhas (527,2 milímetros), Itaobim (588,6 milímetros) e Araçuaí (695,6 mm). Os dados foram coletados nas estações do Inmet nos municípios.

A meteorologista do Igam Paula Pereira explica que, mesmo com a diferença de valores em relação às regiões Norte e Noroeste, o período chuvoso foi volumoso em todo o estado, com um predomínio de maiores  precipitações em curto espaço de tempo. “Janeiro e fevereiro foram os meses que mais contribuíram para os grandes totais. Nesses meses ocorreram episódios de Zona de Convergência do Atlântico Sul e o avanço de cavados nos níveis médios da atmosfera. Em alguns casos, a precipitação também foi intensificada devido à influência do relevo”, observa.

Segundo o gerente de Monitoramento Hidrometeorológico e Eventos Críticos, Saulo Guimarães, que coordena a equipe de meteorologia do Igam, o trabalho de monitoramento é realizado durante todo o ano e intensificado entre outubro e março, devido ao grande número de ocorrências. “O primeiro bimestre de 2020 foi bastante intenso, mas o Igam atuou de forma técnica, com assertividade na previsão e no monitoramento, de forma articulada com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec)”, frisa.

Eventos severos

As tempestades severas, por definição, são temporais com capacidade de provocar granizo, vendavais, tornados, raios e/ou chuva torrencial. “Buscamos estimar a probabilidade de ocorrência de cada um desses fenômenos e em quais áreas eles podem ocorrer”, detalha o meteorologista do Igam Guilherme Schild. Os principais registros de granizo aconteceram em Santa Rita do Sapucaí e São Tomás de Aquino, ambos municípios do Sul de Minas, onde o granizo registrado variou entre 5 e 6 centímetros de diâmetro. Já em relação aos vendavais, Belo Horizonte e Dores do Indaiá, na região Central, e Maria da Fé, no Sul de Minas, tiveram as principais ocorrências. Nestas cidades, a velocidade dos ventos chegou a 131 quilômetros por hora.

População em alerta

Os eventos severos são previstos pela equipe de meteorologia do Igam e repassados para a Cedec para emissão de alertas por meio de SMS. Durante esse período chuvoso foram emitidos 3.828 alertas para a população de 746 dos 853 municípios do estado. “Os alertas são emitidos pelo meteorologista com até duas horas de antecedência, para que a Defesa Civil tenha um tempo maior para avisar a população e realizar as ações necessárias para mitigar os possíveis danos”, acrescenta Schild.

O trabalho da Defesa Civil é preventivo, como explica o coordenador-adjunto da Cedec, tenente-coronel Flávio Godinho. “Emitimos os alertas para que as pessoas, em um espaço de tempo considerável, possam adotar medidas de prevenção para reduzir os riscos que possam vir a ser causados durante a chuva. Os alertas ajudam a salvar vidas”, garante.

A intensidade de demandas recebidas relacionadas a alagamentos, deslizamentos de encostas, dentre outras situações decorrentes do período chuvoso, fez com que a Cedec expandisse a capacidade de atuação, como frisa o tenente-coronel. “Aumentamos nosso galpão para receber doações, melhoramos a logística de entrega desses materiais, criamos cidades-pólos para receber grandes cargas de donativos e distribuir para municípios menores. Tivemos uma equipe multidisciplinar com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) para atendermos às prefeituras”, afirma.

Além disso, foi criada uma assessoria técnica para auxiliar prefeitos que decretaram situação de emergência a solicitar recursos junto ao governo federal para a reconstrução das cidades. “Os municípios conseguiram, ao todo, cerca de R$ 72 milhões”, complementa Godinho.

Clique aqui para acessar o relatório completo.