Jovens do socioeducativo aprendem a produzir chinelos
Quatro adolescentes do Centro Socioeducativo (CSE) Santa Terezinha, em Belo Horizonte, logo estarão prontos para se tornar microempreendedores. Eles estão na fase final de capacitação profissional na produção e customização de chinelos de borracha, dada de forma voluntária por um casal que tem como fonte de renda a fabricação do produto.
Para a atividade, duas máquinas simples, movimentadas com tração humana, foram levadas para uma sala do centro socioeducativo. Os equipamentos são os mesmos utilizados pelos instrutores Aurenice Silva Souza e Josimar Ribeiro na produção de suas peças. O resultado é que os jovens já aprendem a fabricar uma “mercadoria de baixo custo e giro rápido”, como descreve o casal.
Perspectiva profissional
O curso não se resume à fabricação e à personalização. Num total de seis encontros (24 horas/aula), os adolescentes aprendem a estabelecer a precificação dos produtos, pesquisar e comprar materiais de qualidade e baratos, conquistar clientes e, ainda, cuidar dos negócios de uma forma geral.
Para a diretora-geral do CSE Santa Terezinha, Cristiemile Gonçalves de Fátima, a capacitação representa uma ótima oportunidade de envolver a família e os jovens em um negócio ao alcance de todos. “Eles estão empolgadíssimos pela perspectiva da viabilidade econômica. São muito criativos e têm iniciativa para criar peças, combinar cores e vislumbrar negócios”, relata.
No mercado há diferentes tipos de máquinas para a confecção de chinelos de borracha. Elas basicamente fazem o corte das placas de borracha, o furo e a colocação das correias. Variam em preços e modelos. Os voluntários dizem que, com um investimento de aproximadamente R$ 2,5 mil, já é possível iniciar o negócio, comprar os equipamentos e uma quantidade de matéria-prima.
Christian Rossi*, 16 anos, é um dos participantes do curso. Ele criou para sua mãe um modelo de sola vermelha e não vê a hora de presenteá-la, o que vai acontecer na formatura do curso, daqui a duas semanas. A ansiedade por entregar o presente é acompanhada pela perspectiva de abrir o próprio negócio. “Minha família gostou de saber do meu curso. Acho que vai rolar uma empresa dentro de casa”, diz.
Gratidão
Aurenice Silva Souza, junto com seu marido, realiza há três anos um trabalho de assistência religiosa para os jovens do Centro Socioeducativo Santa Terezinha - ambos são pastores de uma igreja evangélica. Ela conta também ter um filho que já cumpriu medida socioeducativa de internação e que, pelo retorno positivo da experiência para ele e a família, deseja retribuir de alguma forma para outros adolescentes e para o próprio sistema socioeducativo.
“Sempre fui muito bem tratada pelos profissionais do socioeducativo, e meu filho aprendeu muita coisa, abriu a mente com as atividades educativas, culturais e esportivas”, afirma Aurenice.
*Nome fictício para preservar a identidade da adolescente, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente.