Produtores mineiros reforçam importância da regularização da cachaça
Com o objetivo de sensibilizar a cadeia produtiva da cachaça em relação à qualidade do produto, que é patrimônio cultural dos mineiros, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), promoveu a campanha “o legal merece um brinde”, um estímulo ao registro e regularização da cachaça. A iniciativa foi da Gerência de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (GIV) e do Núcleo de Educação Sanitária.
A produção e comercialização da cachaça crescem a cada ano, assim como aumenta a atenção de produtores, comerciantes e empresários à legislação e às políticas públicas desenvolvidas para o segmento. A regularização é o primeiro passo para conquistar o mercado e expandir as vendas; de outro lado, a informalidade prejudica as empresas legalizadas e a qualidade da cachaça que circula no mercado.
Produção legal
Registrados e regularizados há décadas, dois importantes produtores mineiros reforçam a importância dos aspectos legais, tanto para o próprio negócio como para o setor.
Daniel Duarte, da cachaça orgânica Flor das Gerais, argumenta que a produção da bebida já é bem minuciosa e complexa, o que não justifica a falta de regularização para comercializar o produto na legalidade e expandir as vendas a outros mercados.
“O mercado ilegal acaba difundindo algumas ideias e conceitos próprios de que a bebida é inferior a outros destilados, o que não é verdade e, muitas vezes, as bebidas irregulares, de fato, nem são cachaça, o que acaba confundido o consumidor e ainda prejudica a valorização do produto em nosso setor”, alerta.
Duarte afirma que a regularização é o primeiro passo para conquistar outros sonhos. “As fiscalizações sempre resultaram em algumas solicitações de melhorias no nosso processo e estrutura, o que nos estimulou ao processo de aprimoramento contínuo. E isso nos possibilitou a buscar novos desafios dentro da produção”, apoia.
Thiago Medrado, da cachaça Salinas, afirma que a regularização ajuda a criar valor ao produto. Segundo ele, o setor unido e moralizado, dentro das normas e padrões, faz com que Minas seja vista cada vez mais como uma referência em cachaça.
“Com a regularização, o produtor consegue procurar parceiros e ter um preço mais justo em sua comercialização. Vale lembrar que regularizar não quer dizer que o produtor tenha que possuir uma marca. Regularizado, ele conseguirá atingir compradores e envasadores que poderão pagar mais e não ficarão refém de uma possível fiscalização”, orienta.
Boas práticas
Desde 2018, o IMA é primeiro órgão de defesa agropecuária estadual do país a trabalhar com inspeção e fiscalização da produção, comercialização, padronização e envase de cachaça, após credenciamento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Diante do cenário de predominância da informalidade, a autarquia intensificou as fiscalizações no estado realizando 475 vistorias em todos os tipos de estabelecimentos relacionados com a cachaça, da produção até as vendas. Mais de 3,5 milhões de litros de cachaça/aguardente foram monitorados e cerca de mil ações realizadas junto aos públicos interessados.
O gerente de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal, o engenheiro agrônomo Lucas Guimarães, lembra que o registro e regularização são obrigações legais dos produtores, "o que traz o respeito aos aspectos de qualidade e identidade do produto", observa.
O objetivo do IMA, segundo Guimarães, "é trabalhar em prol da manutenção da cachaça como produto de destaque do estado, já que é a bebida símbolo dos mineiros. Fomentar regularidade e qualidade é o norte”, sinaliza, lembrando também que é importante o consumidor ter conhecimento sobre a adoção das boas práticas de fabricação, manipulação, controle, monitoramento e armazenagem. “A bebida pode prejudicar a saúde se for consumida fora do padrão”, completa.
O IMA disponibiliza uma cartilha com informações sobre as exigências legais. Confira neste link.
Liderança
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) existem no Brasil 894 estabelecimentos produtores de cachaça registrados. Minas Gerais ocupa a primeira posição com 375. As cidades mineiras de Salinas, Córrego Fundo e Januária são os municípios que possuem mais estabelecimentos com registro. O estado é o maior produtor de cachaça em alambique do país, com 200 milhões de litros por ano, respondendo pela metade da produção nacional.
Divulgação
Iniciativas de divulgação em redes sociais e no site do IMA reforçam a importância do tema e promovem, entre outros, medidas higiênico-sanitárias frente ao fomento contínuo da regularização da produção e vendas da iguaria. A campanha intitulada "o legal merece um brinde" é uma realização da Gerência de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (GIV) e do Núcleo de Educação Sanitária (NES).
A médica veterinária do Núcleo de Educação Sanitária Ana Cristina Paiva entende que este projeto será um marco nas ações de Educação Sanitária e Comunicação no IMA. “Desenvolvemos ações para a pandemia, mas que utilizaremos também depois que ela passar. Acredito que teremos ótimos resultados e poderemos usar as ações para projetos de outras gerências”, planeja.