Projeto ambiental beneficia 150 famílias na região produtora de café das Matas de Minas
A água é um recurso natural de valor inestimável. Daí a importância de ações que atuam na sua manutenção e preservação, tendo em vista as questões ambientais, econômicas e sociais. Sem água seria impossível a realização de muitas atividades produtivas no meio rural, como a cafeicultura. É nesta ideia que um projeto da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em Manhumirim, na Zona da Mata mineira, se apoia. Implantado há quatro anos e quatro meses, em duas comunidades rurais do município, o trabalho beneficiou, até o momento, 150 famílias.
O objetivo é melhorar a qualidade e quantidade da água de duas microbacias, nas comunidades rurais do Córrego do Ouro e do Córrego Bonfim, onde agricultores, proprietários e meeiros se dedicam ao cultivo de café. O município de Manhumirim está localizado na região produtora de café das Matas de Minas. O trabalho, batizado de Projeto União Sustentável, está sendo realizado por meio de uma parceria público-privada entre a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), e a Olam, empresa líder mundial em alimentos e agronegócios. A iniciativa também inclui a prefeitura do município e a Cooperativa de Catadores Aguapé.
Os grupos rurais são trabalhados em três associações formais nos córregos do Ouro (Associação dos Moradores da Barra do Ouro/Ambo e Associação das Famílias de Agricultores do Córrego do Ouro/Afaco) e Bonfim (Associação Comunitária do Bonfim/Ascob). Todas as ações são apresentadas, no final do ano, às crianças, filhos dos produtores locais das comunidades, para que a continuidade do projeto seja incentivada.
Resultados
O projeto vem beneficiando 88 famílias no Córrego do Ouro e 62 no Córrego Bonfim, que ocupam respectivamente áreas de 1,94 mil hectares e 1,23 mil hectares. Todas as famílias vivem da cafeicultura e têm produção de 12,2 mil sacas de café e 10 mil sacas de café respectivamente. São destaques entre as ações do projeto, a melhoria da qualidade da água consumida pela população, o que foi possível, após análises de potabilidade e instalação de sistemas de tratamento nas casas; e o saneamento, com a construção de fossas sépticas com recheio de bambu, biorreatores e biodigestores.
Outro fator que chama atenção, é o incentivo ao descarte consciente dos resíduos sólidos recicláveis gerados nas comunidades. Com a implantação de postos de entrega voluntária (PEV), o material é coletado pela Cooperativa de Catadores Aguapé, que faz a correta destinação e ainda gera renda.
Segundo o extensionista agropecuário, Rodrigo Cabral, que atua na equipe do escritório local da Emater-MG, as ações do projeto já renderam resultados concretos como: a criação de uma associação comunitária; a preservação de nove nascentes; a construção de 28 fossas reatoras de bambu e 48 fossas biodigestoras, além de uma com tanque de evapotranspiração (Tevap). Também teve a doação de 180 filtros de barro; construção e instalação de três filtros cloradores; construção de três pontos de entrega voluntária (PEV) para a reciclagem de lixo e a construção de 230 bacias de contenção de água de chuva.
A lista é extensa e inclui ainda: a realização de 200 exames de potabilidade de água; 12 exames de água residual de agrotóxicos; 42 exames laboratoriais de análise sanguínea para detectar eventuais contaminações por agrotóxicos; 12 dias de campo, assim como doações de equipamentos de medir a umidade do café e de 42 kits de equipamento de proteção individual (EPI), além da realização de três concursos municipais de qualidade do café, entre outros.
Água potável
O consumo de água não potável era uma das preocupações do cafeicultor e morador da Comunidade Córrego do Ouro, Reginaldo Luís Barbosa, que foi superada. “Esse projeto é muito bom. Trouxe ótimos resultados. A gente tomava água de um parque, mas era poluída. Meu sogro de 80 anos, que mora aqui há muito tempo, consumia água que não era adequada. Agora temos água de qualidade. Não só a gente, mas inúmeras famílias aqui do Córrego. Conseguimos recuperar as minas”, ressalta.
Para Reginaldo, as ações de recuperação de nascentes e construção de fossas sépticas são as grandes aliadas na produção de uma água limpa. Ele mora em uma área de 5 alqueires, junto com a família e parentes. Quatro alqueires são destinados à cafeicultura, segundo ele.
Premiação
União Sustentável é um dos nove projetos da Emater-MG que permitiram a conquista da categoria Destaque Estadual, no 11º Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza deste ano.