Workshop promovido por Epamig e Fiocruz discute melhorias de bancos de leite humano

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A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), sediou o 1º Workshop Sobre Leite Humano, entre os dias 11 e 13. O evento, realizado no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), em Juiz de Fora (MG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), teve objetivo de suscitar discussões e formar um grupo de pesquisa em leite humano no Brasil com representantes das duas instituições.

A Fiocruz é responsável por administrar o maior e mais complexo banco de leite humano do mundo. Ao todo, são cerca de 160 mil litros distribuídos todos os anos a recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados em unidades neonatais do país. O desejo de dar passos maiores e inovar nos estudos fez com que a instituição procurasse por pesquisadores da Epamig-ILCT que já têm interesse em colaborar com o tema há algum tempo. 

Com mais de 200 inscritos, o workshop reuniu pesquisadores, professores, médicos, enfermeiros, nutricionistas e estudantes do nível técnico e superior. Segundo a pesquisadora da Epamig-ILCT, Denise Sobral, o evento superou todas as expectativas. “Nós ficamos maravilhados diante da possibilidade de ajudar a salvar vidas. Esse propósito deixou nossa equipe bastante motivada”, destaca.

Durante o workshop, a Epamig-ILCT apresentou suas pesquisas e a equipe da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) do Brasil, sediada na Fiocruz, mostrou seus últimos produtos na área de informação, educação, assistência e imunologia. A troca de conhecimentos foi importante para embasar discussões e levantar objetivos de pesquisa comuns entre as instituições.

Uma visita técnica à fábrica de laticínios da Epamig-ILCT também compôs a programação do evento. Para a coordenadora do Centro de Referência de Bancos de Leite Humano, Danielle Silva, conhecer os equipamentos da fábrica serviu para entender como as tecnologias de alimentos podem ser aplicadas no leite humano. “Pudemos enxergar um futuro de cooperação e inovação entre as duas instituições”, pontuou.

Ao final dos três dias de programação, foi possível listar quatro possíveis pesquisas para o desenvolvimento tecnológico dos bancos de leite humano e melhoria da segurança alimentar e nutricional de bebês prematuros portadores de patologias.

A primeira se refere ao processo de homogeneização do leite humano. Por sofrer com variações inevitáveis de temperaturas desde a coleta até a oferta em UTIs neonatais, as moléculas de gordura do leite perdem estabilidade e formam uma nata que não se reincorpora ao produto, o que causa alterações nutricionais com impactos para a saúde dos prematuros.

A segunda possibilidade de pesquisa diz respeito à pasteurização, capaz de garantir aspectos bioativos do leite humano, mais eficiente que o processo realizado hoje. Outra ideia é investir em tecnologia “spray dryer” para secar o leite humano, transformá-lo em pó, e adequá-lo como fortificador para atender as necessidades de crianças de baixo peso.

Além disso, outro possível estudo seria desenvolver um processo de filtragem do leite humano que, durante a coleta, pode ser contaminado por diversos fatores. Atualmente, esse problema obriga o descarte do material e acarreta perdas de até 30% do estoque total dos bancos de leite.

No próximo mês, a equipe da Epamig-ILCT fará uma reunião com representantes da Fiocruz no Rio de Janeiro (RJ) para conhecer as instalações da instituição, estabelecer metas, definir o início dos trabalhos e pensar formas para captar recursos para as pesquisas.