Funed amplia diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis

ISTs são responsáveis por altas taxas de morbidade e por elevados custos em saúde pública no mundo todo

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O Laboratório de Carga Viral, do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) do Lacen-MG/Funed, ampliou em agosto o diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), realizando também os exames de clamídia e gonorreia (gonococo). A iniciativa faz parte da implantação-piloto da Rede de Laboratórios de Diagnóstico Molecular da Clamídia e Gonococo (CT/NG). O Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS) é o responsável pelo trabalho junto às Coordenações Estaduais de Saúde e Laboratórios (instituição executora).

O Lacen-MG /Funed foi o laboratório executor escolhido para realizar esses exames e, a princípio, irá atender todo o estado de Minas Gerias, por meio dos Centros de Testagem e Aconselhamento, Unidades de Atenção Primária à Saúde, serviços de atendimento ao pré-natal, Centros de Referência para IST, Serviços de Atenção Especializada (SAE) e Sítios Sentinela do Projeto SenGono.

Patrícia Alves Loures, analista responsável pelo trabalho no SVR, explica que a implantação da Rede Nacional de Laboratórios para Diagnóstico Molecular da Clamídia e Gonococo servirá como uma oportunidade  para o rastreio e diagnóstico da infecção em determinadas populações previstas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (PCDT-IST) publicado em 2020. “A princípio, o público-alvo para esses testes são usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, gestantes com elevada vulnerabilidade às IST, pessoas vivendo com HIV no momento do diagnóstico e pessoas atendidas nos sítios do Projeto Sengono e/ou sítios de referência em IST.

A metodologia utilizada será o diagnóstico molecular, por PCR em Tempo Real, para detecção qualitativa direta do DNA de Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. O equipamento será a Plataforma automatizada M2000 Abbott. O prazo de liberação do resultado estabelecido pelo DDCI/MS é de 15 dias corridos a partir do recebimento da amostra na Funed.

A equipe que realiza esses diagnósticos é a mesma que faz os exames da Rede Nacional de Carga Viral de HIV/Hepatites e Contagem de Linfócitos T CD4/CD8. De acordo com Patrícia Alves, esse trabalho demonstra o preparo das equipes e dos laboratórios do Lacen-MG/Funed. “Além da contribuição no âmbito do SUS para a oferta de mais esses diagnósticos para as IST, nós fomos o primeiro laboratório executor de Minas Gerais escolhido para integrar a Rede Nacional de Clamídia e Gonococo do Ministério da Saúde”, avalia.

Relevância

As IST são responsáveis por altas taxas de morbidade e por elevados custos em saúde pública no mundo todo. Nos homens, as IST causadas por clamídia e/ou gonococo ocorrem predominantemente de maneira sintomática, causando síndrome do corrimento uretral, enquanto que, em mulheres, essa infecção é prioritariamente assintomática.

Mundialmente, a infecção por Chlamydia trachomatis (clamídia) é a mais comum das IST não virais e curáveis em pessoas de 15-49 anos, com 131 milhões de novos casos por ano. A gonorreia, causada por Neisseria gonorrhoeae (gonococo) aparece em seguida, chegando a 78 milhões de novos casos por ano. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, essas infecções também estão presentes em números elevados, estimando-se 500 mil novos casos de gonorreia por ano. “Embora ainda não existam estimativas nacionais sobre a infecção por clamídia, números elevados e também preocupantes são esperados quando se considera a tendência mundial de circulação desses patógenos”, explica Patrícia Alves.

A analista explica que a detecção precoce e o tratamento oportuno de clamídia e da gonorreia são fundamentais, pois os casos não tratados de maneira adequada podem gerar danos graves e até irreversíveis à saúde do paciente, como a infertilidade, doença inflamatória pélvica (DIP), implicando consequências assistenciais, sociais, psicológicas e econômicas. Essa questão é acentuada pelo fato de que, principalmente em mulheres, essas infecções ocorrem de maneira assintomática.



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